Sondagem recente divulgada pelo Instituto Fecomércio mostra que as famílias pernambucanas comprometem 46% do seu orçamento mensal com pagamento de dívidas relacionadas, principalmente, ao pagamento de cartão de crédito, cheque especial, empréstimo e financiamentos. Uma situação pior do que a média nacional de 30,2%. Num cenário de inflação em alta e taxas de juros subindo, a situação se torna preocupante, diz o responsável pela pesquisa, Oswaldo Ramos. “Os especialistas apontam que você só deve comprometer 30% do orçamento em dívidas, para ter espaço para as outras despesas fixas, como aluguel, etc”, diz.
Mas como saber se você está se tornando uma pessoa endividada? Wilson Justo, diretor de Marketing da Scorecard, empresa de financiamento, aponta dez “sintomas clássicos” que podem ser considerados como sinal de alerta: por exemplo, quando as despesas fixas representam mais de 70% do salário líquido ou a pessoa passa a pagar dívidas com atraso e entrar no rotativo do cartão (veja todas no quadro abaixo).
É válido salientar que o endividado, diferente do inadimplente, não tem contas em atraso, mas tem dívidas programadas que, pela quantidade, podem levá-lo à inadimplência. Justo avalia que as famílias devem estabelecer um limite para essas dívidas, para que os juros não comprometam muito o orçamento. “É importante fazer um diagnóstico e ter o controle das suas dívidas. Se o endividamento for alto, é preciso rever suas contas, para não pagar muito juros. Na maioria dos casos, vale economizar por um tempo e comprar à vista depois.”
Segundo o analista do Banco Central, Breno Lima Moreira, quando a pessoa começa a ter dificuldade para pagar as contas básicas e quando a maior parte do salário serve para pagar dívidas, a pessoa já pode ser considerada um superendividado. “O crédito é bom, mas é necessário ter um uso consciente. Uma coisa é se endividar para comprar a casa própria ou viver uma situação de emergência. Outra coisa é viver endividado”, considera. Na opinião de Moreira, não há um limite percentual para apontar se uma pessoa é endividada ou não, pois isso depende de cada um. “O superendividado geralmente sabe de sua situação. Portanto, é nessa hora que ele tem de rever seu planejamento. Ele pode fazer isso aumentando sua receita com um bico extra e também diminuindo as despesas”, diz.
Para Arthur Lemos, educador financeiro da DSOP Pernambuco, endividamento não pode ser encarado como sinônimo de problema. “Mas vira problema quando entra a situação de inadimplência”, diz. Segundo ele, fatores como facilidade crédito e apelo ao consumo contribuem. “Mas a base de tudo isso é a falta de educação financeira. Quando a pessoa não sabe quanto gasta, lança o crédito para conseguir pagar os compromissos.”