As obras do Arco Metropolitano serão feitas em duas etapas. Ontem, o governador João Lyra Neto (PSB) e o ministro dos Transportes, César Borges (PR), acertaram que o governo federal vai lançar um edital para contratar a primeira fase das obras em junho próximo, limite legal para iniciar uma licitação desse tipo devido ao ano eleitoral. O primeiro trecho vai de Suape, em Ipojuca, no Litoral Sul, até as proximidades da BR-408, nas imediações de São Lourenço da Mata. O segundo começará na BR-408 (em São Lourenço da Mata) indo até Goiana, mas não tem data prevista para o lançamento do edital .
O governo optou pelo desmembramento do projeto porque a implantação do último trecho passaria pela Área de Proteção Ambiental (APA) Aldeia-Beberibe, o que gerou críticas de vários setores da sociedade, principalmente de ambientalistas.
“Com a divisão que ficou acertada, poderemos dar início à construção do Arco, sem prejudicar sua continuidade, uma vez que teremos tempo, até começarmos a segunda etapa, para solucionar esses entraves. Já temos alguns estudos, outros estão sendo feitos, e vamos avaliar a melhor das opções para garantir esse importante investimento para os pernambucanos”, explicou o governador João Lyra Neto, após a reunião, ocorrida no Ministério dos Transportes, em Brasília.
O desvio proposto pelos ambientalistas aumentaria em 22 quilômetros o percurso do Arco e traria um custo adicional de R$ 300 milhões, segundo o secretário estadual de Infraestrutura, João Bosco de Almeida. “No projeto original, o desmatamento é de 24 hectares. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA-Rima) do projeto obriga quem vai fazer a estrada a realizar o replantio de 40 hectares no entorno”, defende. Para ele, o balanço ambiental é negativo porque os 10 mil veículos que passariam pelos 22 quilômetros adicionais produziriam 100 vezes mais gás carbônico do que a mata a ser desmatada poderia captar.
O primeiro trecho a ser realizado terá 69 quilômetros. “A nossa expectativa é de que as obras comecem em setembro”, conta Bosco. As obras deverão ser feitas em regime diferenciado de contratação (RDC), forma de licitação mais rápida usada pelo governo em alguns tipos de empreendimentos. O custo desse primeiro trecho é estimado em cerca de R$ 800 milhões. Inteiro, o projeto custará R$ 1,34 bilhão.
A implantação das obras desse primeiro trecho vai aliviar os congestionamentos da BR-101 que ligam Suape ao Recife, passando por bairros do Cabo, Jaboatão e Recife. Quando estiver implantado, permitirá que os motoristas saiam de Suape e cheguem a BR-408 sem passar obrigatoriamente pela BR-101 ou pelo caminho de vias urbanas de bairros, como a Estrada da Batalha, que dão acesso ao Litoral Sul e vivem engarrafadas.
O Arco é uma das obras mais importantes para o funcionamento do polo automotivo capitaneado pela fábrica da Fiat que está se implantando em Goiana. Quando estiver em funcionamento a fábrica precisará receber diariamente 600 caminhões truck, 85 cegonhas, 40 carretas, 180 ônibus em três turnos e mais 800 veículos leves. O polo vai receber outras empresas que vão fornecer bens e serviços para a montadora e precisarão de uma boa logística para terem competitividade, porque muitas peças e insumos vão chegar por Suape. A viabilidade de toda esta região depende da conclusão do projeto completo do Arco.
Inicialmente, a obra seria feita pelo governo do Estado e seria um dos grandes legados do segundo governo Eduardo Campos (PSB). Depois, a presidente Dilma Rousseff (PT) chegou a assumir a obra e lançar uma licitação para a contratação das obras. A concorrência foi suspensa no dia 21 de março sem explicações por parte do governo federal.