Setor empresarial se preocupa com a situação do Rio São Francisco

A nascente do Velho Chico, em Minas Gerais, secou devido à estiagem que assola o Sudeste do País
Do JC Online
Publicado em 26/09/2014 às 9:00


A falta de água na nascente do Rio São Francisco está começando a preocupar o setor empresarial. “O poder público tem que começar a discutir o mais urgente possível essa situação. Isso pode afetar a agricultura irrigada e o abastecimento humano”, diz o presidente da Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco (Faepe), Pio Guerra, também presidente do Conselho do Sebrae-PE. Esta semana, os funcionários do Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais, descobriram que a nascente do Rio São Francisco secou.

No Estado, as águas do Velho Chico são usadas para gerar energia pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco e para a irrigação no polo de produção de frutas no submédio São Francisco, localizado em Petrolina-Juazeiro e municípios vizinhos. Esse polo emprega cerca de 300 mil pessoas e é responsável por 90% das exportações de frutas realizadas pelo País.

“A situação não está nos afetando, mas estamos muito preocupados. A Secretaria de Agricultura do Estado é inoperante e não está ligando para o problema”, diz o presidente da Associação dos Produtores do Vale do São Francisco (Valexport), José Gualberto. O fato da nascente ter secado vai resultar em menos água no São Francisco, que é “alimentado” por outros rios.


A discussão sobre estiagem voltou à tona na 4ª reunião do Fórum Permanente de Convivência Produtiva com as Secas, realizado ontem no Sebrae, na Ilha do Retiro. O tema do encontro foi a relação entre o melhoramento da semente de milho e as secas. O diretor de regulação da Monsanto, Geraldo Berger, apresentou experiências desenvolvidas. Nos Estados Unidos, produtores plantam um milho mais resistente à seca feito pela Monsanto. “Essa semente vai demorar para chegar ao Brasil”, conta Guerra.


Por enquanto, o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Lauro Guimarães diz que o produtor do semiárido pode usar as sementes do milho superprecoce (existentes no mercado), que resultarão numa produção em menor tempo. A colheita pode ser feita com 20 dias de antecedência. Tanto ele como Pio Guerra defendem que há muitos locais do semiárido que não deveriam estar plantando milho, porque não têm condições adequadas a essa cultura.

 

Ao ser questionado sober a situação da nascente do São Francisco, o secretário estadual de Agricultura, Aldo Santos, afirma que o Estado distribui 800 kits de irrigação por gotejamento (que usa menos água) com 1,2 mil famílias que produzem 2,4 mil hectares às margens do São Francisco.

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