Os pernambucanos passaram, em média, 20,29 horas sem energia nos dez primeiros meses deste ano, contra as 18,30 horas registradas no mesmo período do ano passado, segundo informações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Isso significa 10% a mais na quantidade média de horas que os habitantes do Estado ficaram no escuro. Esse total vai aumentar depois que for contabilizado o apagão que ocorreu em quatro municípios da Região Metropolitana do Recife (RMR) esta semana, quando alguns bairros ficaram mais de 14 horas com o serviço interrompido.
“O aumento das horas sem fornecimento é um indicador de que o serviço está pior. E a tendência é piorar mais, porque no atual modelo do setor elétrico as empresas estão interessadas em reduzir os custos, entre eles o de manutenção”, diz o membro do Instituto Ilumina Nordeste, Antonio Feijó. No setor elétrico, uma manutenção bem feita pode evitar apagões.
O incremento da quantidade de horas sem o serviço vem aumentando desde 2012. No ano passado, os pernambucanos ficaram 22,04 horas, em média, sem energia, enquanto em 2012 foram 19,32 horas (também na média).
O serviço da Celpe é medido mensalmente pela Aneel, que indica a frequência de interrupção do serviço e a quantidade de horas que os consumidores ficaram sem energia. Ao comparar a performance da Celpe de 2014 com a de 2013, os meses campeões na quantidade de horas sem o serviço foram março, abril, maio e julho. A maior quantidade de interrupções do serviço se concentrou em fevereiro, abril e maio.
“Os indicadores de continuidade da Celpe têm uma sazonalidade atrelada às chuvas”, explica o gerente de Engenharia da Celpe, Carlos Eduardo Soares. Ele argumenta também que as chuvas provocam uma maior lentidão no trânsito e isso faz a falta de energia demorar mais, porque as equipes levam um tempo maior para chegar ao local da ocorrência e restabelecer o serviço.
Carlos Eduardo afirma que a Celpe realizou um investimento de R$ 440 milhões, iniciado em janeiro deste ano e a ser concluído este mês, para aumentar a automatização e implantar uma “rede protegida”. As ações vão permitir que sejam feitos, por exemplo, religamentos do serviço a distância. Já a rede protegida apresentará menos problemas quando ocorrerem chuvas e queda de árvores sobre a rede elétrica. O gerente da Celpe acredita que o número de horas sem energia este ano vai ficar no mesmo patamar de 2013, porque o apagão da última semana foi um “problema pontual”.