Dividir obra do Arco Metropolitano é um erro, dizem técnicos

Proposta de colocar um lote sob a responsabilidade do poder público e entregar o outro à iniciativa privada traria insegurança na viabilização do projeto
Leonardo Spinelli
Publicado em 29/04/2015 às 15:30
O Lote 02 do Arco Metropolitano, da BR-408/232, em São Lourenço da Mata, até a BR-101, no Cabo de Santo Agostinho, teve a licitação suspensa em maio pelo Estado depois que o TCE fez questionamentos Foto: JC Imagem


Licitar toda a obra do Arco Metropolitano  para  ficar sob responsabilidade do governo federal ou liberar a concessão do projeto inteiro  para a iniciativa privada operar? Será que a solução de dividir a obra em duas partes é a melhor forma de entregar o Arco Metropolitano, conforme divulgou a presidente Dilma ontem na inaguração da jeep? 

E ainda: o traçado que serviu de base para o governo federal lançar o projeto é o melhor ou  há outras alternativas econômica e ambientalmente mais viáveis? São várias as perguntas que ainda não estão respondidas, justamente na data em que o Arco Metropolitano deveria estar sendo entregue, conforme prometeram Lula e Eduardo Campos no anúncio da Fiat em Goiana, em 2011. 

A única certeza hoje é sobre a importância do Arco Metropolitano, não só para a fábrica da Jeep, mas para desafogar o trânsito do trecho urbano da BR-101, além de promover a integração do polo de desenvolvimento de Suape com o de Goiana.

Para o presidente da Agência Condepe-Fidem, ligada ao Estado, Flávio Figueiredo, a proposta de dividir as obras do Arco Metropolitano entre uma parte pública e outra privada traz insegurança na viabilização do projeto. “O ideal seria estabelecer data para o lançamento do edital, pelo menos uma data limite para o Dnit lançá-lo, mas isso não foi feito”, disse. 

Ele defende que o melhor seria entregar tudo para o governo fazer. “Teríamos maior segurança na execução da obra se o governo garantisse investimentos com recursos do Tesouro, sem depender de iniciativa privada. Se está difícil para o governo (pela restrição orçamentária), imagina para a iniciativa privada?”, argumenta. 

Na sua avaliação, todas as concessões realizadas até agora pelo governo tiveram a participação de recursos do BNDES ou fundos de pensão, que também estão passando por reestruturação por conta da crise. Por isso, avalia, o governo federal teria maiores condições de financiamento, já que é o ente federativo que tem maior acesso a recursos. 

Apesar de concordar que separar os trechos entre público e privado seria a pior opção, o arquiteto Paulo Roberto Barros, da Multi Consultoria, diz que a melhor solução seria entregar a obra toda para as empresas concessionárias. 

“O setor privado sabe fazer conta. Se o projeto for bem feito e for comprovado que o negócio é bom (rentável), o empresário vai atrás dos recursos para investir, até mesmo no mercado externo. Concessão de rodovia é bom negócio, desde que seja bem montado”, diz o arquiteto. A solução, no entanto, tem pouco respaldo popular, porque necessita de instalação de pedágios, que garantem o retorno financeiro ao empreendedor. “O que vai acontecer é o trecho privado sair antes do trecho que terá recursos federais.”

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