A fila do desemprego no País já tem 9 milhões de brasileiros. No terceiro trimestre de 2015, a taxa de desocupação alcançou 8,9%, a maior desde o início da série histórica em 2012. Em igual período de 2014, a taxa estava em 6,8%, o que demonstra a velocidade com que o desemprego avança no Brasil. Pernambuco acompanha a tendência negativa e aparece com a quarta maior taxa do País (11,2%) no período, atrás apenas da Bahia (12,8%), Rio Grande do Norte (12,6%) e Amapá (11,7%). Os dados estão na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Brasil vive a inversão da tendência dos últimos anos, quando chegou a se falar em pleno emprego e apagão de mão de obra, em função da alta taxa de ocupação. Entre 2004 e 2013, a economia brasileira criou uma média de 2 milhões de vagas por ano. Agora, a conta é diferente. Nos últimos 12 meses, o País perdeu 1,3 milhão de empregos com carteira assinada.
“Se olharmos para Pernambuco, a taxa de desemprego subiu de 8,3% para 11,2% no período analisado, mas por outro lado a população ocupada ficou estável (saindo de 49,7% para 49,8%). Isso quer dizer que mais pessoas estão trabalhando por conta própria. Há uma precarização do trabalho porque deixam de ter carteira assinada e os direitos trabalhistas, mas a situação poderia ser pior”, defende o vice-presidente do Conselho Regional de Economia de Pernambuco, Fernando Aquino. O número de pessoas trabalhando por conta própria no 3º trimestre passou de 945 para 966 no Estado.
Os números revelam que os trabalhadores estão em busca de alternativas para driblar o desemprego, apontando em pequenos negócios. Mas há perda de conquistas alcançadas nos últimos anos, principalmente com a chegada dos empreendimentos estruturadores, que deixaram o Estado numa situação de quase pleno emprego, além de puxar a renda para cima. O cenário começa a mudar. O rendimento médio no Estado caiu de R$ 1.603 para R$ 1.459, na comparação do 3º trimestre de 2014 com o de 2015.
Quando se divide o Estado por regiões, percebe-se que a taxa de desemprego é mais alta para a Unidade da Federação como um todo (11,2%), diminuindo para Região Metropolitana do Recife (10,2%) e ficando ainda menor na capital (5,6%). A desmobilização e suspensão da segunda etapa da construção da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), além do impacto da operação Lava Jato sobre outros empreendimentos, a exemplo do Estaleiro Atlântico Sul, puxaram a taxa de desemprego no Estado. O problema afetou primeiro a construção civil, mas depois reverberou para outros setores da economia.
Os impactos do desemprego são sentidos na vida da população, por meio do aumento da inadimplência e da redução do consumo das famílias. O remédio para estancar o avanço do desemprego é o País sair da recessão. “Isso passa primeiro pela resolução da crise política, com a votação e aprovação do pacote fiscal. Mas eu sou do time de economistas que prefere apostar no otimismo”, diz Aquino.