Seca derruba safra da Usina Cruangi e deixa 2 mil desempregados

Estiagem frustrou projeção da primeira safra da usina após 3 anos sem moer
Da editoria de economia
Publicado em 20/01/2016 às 11:55
Volta da moagem da usina vai beneficiar economicamente vários municípios da Mata Sul de Pernambuco Foto: Hélia Scheppa/Arquivo JC Imagem


A seca frustrou o resultado da primeira moagem de cana-de-açúcar da Usina Cruangi (na Zona da Mata Norte de Pernambuco), que voltou a operar em setembro de 2015 após um período de três safras sem operar. A unidade foi arrendada por um período de 8 anos pela Cooperativa de Fornecedores de Cana (Coaf) aos antigos donos da família Queiroz. A estiagem fez a safra acabar dois meses antes do previsto, deixando 2 mil desempregados. A previsão era mover 500 mil toneladas de cana, mas a safra fechou em 291 mil toneladas.

“O fenômeno do El Niño reduziu as chuvas no ciclo vegetativo da cana e prejudicou a produção. A média de chuvas na Mata Norte, que chega a 1.200 milímetros, ficou reduzida a algo entre 500 e 800 milímetros dependendo do município. Isso foi negativo porque existia uma expectativa para essa primeira safra, depois do tempo que a usina ficou sem moer”, observa o presidente da Coaf e da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco, Alexandre Andrade Lima.

Ele destaca que outras usinas da Zona da Mata também tiveram a moagem encerrada antes do previsto, a exemplo de Santa Tereza, Laranjeiras e São José. Tradicionalmente a colheita acontece entre os meses de agosto e março, mas este ano foi suspensa em janeiro. Com a frustração de safra, a previsão de faturamento da Usina Cruangi vai reduzir quase pela metade. A expectativa era alcançar R$ 70 milhões, mas vai ficar na casa dos R$ 40 milhões.

“Apesar dos impactos negativos da seca, que deverá derrubar a safra de Pernambuco de 15 milhões para 12 milhões de toneladas de cana, a boa notícia foi o aumento nos preços do açúcar e do álcool. Essa valorização puxou elevou o valor da tonelada paga ao produtor de R$ 74 para R$ 100. Há 5 anos o mercado internacional convivia com uma superoferta de cana, mas agora existe um déficit de 4 milhões de toneladas de açúcar no mundo”, afirma Alexandre.

A valorização do dólar também contribuiu para aumentar a competitividade do açúcar brasileira no mercado internacional. “Esse bom momento para o açúcar e o álcool poderá ser um alento para os trabalhadores que terão uma entressafra maior (de janeiro a agosto) sem trabalho na moagem. Essas pessoas poderão trabalhar no campo, na ampliação das áreas de produção de cana-de-açúcar para atender a esse crescimento da demanda”, sugere Alexandre. Dos 4 mil trabalhadores contratado para a safra na Usina Cruangi, 2 mil foram demitidos antecipadamente em função da seca. A estiagem também derrubou a produtividade da cana, de 70 para 45 toneladas por hectare.

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