Apesar de ter menos demissões, Pernambuco tem corte recorde de postos de trabalho

Devido à desconfiança de empresários e consumidores, Estado tem criado menos vagas, o que resulta no encolhimento do mercado de trabalho
Emídia Felipe
Publicado em 23/03/2016 às 8:08
Devido à desconfiança de empresários e consumidores, Estado tem criado menos vagas, o que resulta no encolhimento do mercado de trabalho Foto: Fernando da Hora/JC Imagem


A falta de confiança dos empresários e dos consumidores diante dos cenários político e econômico está reduzindo o mercado de trabalho em Pernambuco. Segundo dados do Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) divulgados ontem, 15.874 postos foram fechados em fevereiro no Estado, segundo pior resultado dos últimos 10 anos para o mês. Mas não foi por causa de excesso de demissão, e sim por falta de abertura de novas vagas.

O saldo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do MTPS, considera a diferença entre admissões e desligamentos no mercado formal (com carteira assinada). Em fevereiro, houve 42.458 demissões em Pernambuco. Desde 2011 não se demitia tão pouco em fevereiro.

O problema é que abriram-se apenas 26.584 novas vagas – o menor volume desde 2009. O gráfico abaixo mostra que o comportamento se repete quando se consideram os resultados dos últimos 12 meses. Porém, o acúmulo de pessimismo nesse período fez com que 96.494 postos fossem cortados, o cenário mais negativo da série, iniciada em 2004 (último ano que o Caged disponibiliza o recorte estadual dos dados).

“Estamos estagnados. Ninguém investe mais. Tanto os empresários quanto as famílias estão retraídos”, lembra o economista do Instituto Fecomércio, Rafael Ramos. Ele lembra que isso afeta diretamente a taxa de desemprego, que aumenta. Nesse caso também há influência do aumento da busca por emprego, porque mais pessoas têm que ajudar na renda familiar e, como estão procurando trabalho, entram na conta da desocupação. "Todos os integrantes da família são forçados a ajudar em situações como essa", complementa o economista.

Em nível nacional, o encolhimento do mercado de trabalho se traduziu no corte de 104.582 vagas formais em fevereiro. Foram 1.276.620 admissões e 1.381 202 demissões no período.

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