Crise política impede crescimento de empresas, diz Ibope Inteligência

Sondagem feita com cerca de 200 empresários de Pernambuco mostra que cenário político é o que mais interfere
Da editoria de economia
Publicado em 12/06/2016 às 9:00
Sondagem feita com cerca de 200 empresários de Pernambuco mostra que cenário político é o que mais interfere Foto: Foto: Heudes Regis


O otimismo do empresariado pernambucano subiu com a mudança do governo federal, sobretudo com a entrada da equipe econômica escolhida pelo presidente interino Michel Temer. Segundo a pesquisa 8º Termômetro Empresarial, encomendada pelo Grupo de Líderes Empresariais – Lide ao Ibope Inteligência, o otimismo é de 77% em relação à economia conduzida por Henrique Meirelles. A sondagem foi feita com cerca de 200 empresários no início deste mês durante evento com o ex-ministro Luiz Fernando Furlan. Porém, o cenário político ainda é o que mais interfere no setor, avaliam os entrevistados. 

A situação está mudando aos poucos. Em março, 98% dos empresários apontaram que a crise política é o tema mais preocupante para o panorama econômico de 2016. Em junho, caiu para 86%. Já em relação ao cenário político como o fator que mais trava o conhecimento da empresa, houve uma queda de 4 pontos percentuais entre estes dois meses, de  65 para 61%. Em paralelo, as expectativas começaram a melhorar. Mais empresários afirmaram, este mês, que a situação dos negócios melhorou (24%), que pretendem contratar (18%) e que prevêem que a receita aumentará este ano (39%, a maioria).

“O que podemos constatar com a sondagem é que a mudança no clima do empresariado pernambucano é fruto da entrada do presidente interino Michel Temer e, principalmente, da equipe econômica. Podemos, inicialmente, dizer que a confiança aumentou. Só que ainda é muito cedo para dizer com segurança que os empresários vão começar a investir. Qualquer decisão que desafie esse otimismo pode mudar o quadro”, afirma o diretor regional do Ibope Inteligência, Maurício Garcia. 

 

 

“Os empresários apontam que a crise política é o problema porque, enquanto nós debatíamos este tema, não formulamos um plano para voltar a crescer. Não votamos medidas de redução de tributos e de juros, o desemprego aumentou e a inflação também. A confiança volta a crescer porque foi escolhido um time mais alinhado ao mercado. Ainda é cedo para avaliar qualquer tipo de efeito, mas a questão econômica deve ser a prioridade”, comenta o economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE), Rafael Ramos.

Para os participantes da sondagem, o Brasil deve dar prioridade à reforma política (47%). “Na economia, a incerteza de vez em quando é pior do que uma má notícia. A pesquisa reflete isso. Passamos por um momento de incerteza, mas está praticamente certo que o governo deve se manter. A prioridade no país é o equilíbrio das contas públicas. Só depois devemos partir para reformas maiores”, afirma o assessor econômico do Senado, Pedro Jucá Maciel. 

Já em Pernambuco, o foco deve estar na infraestrutura, apontaram 50% dos entrevistados. Outros pontos prioritários no Estado são educação (24%) e a saúde (12%). “Empresário de indústria, comércio e serviços precisam de uma boa infraestrutura. Este fator tem o poder de reduzir ou aumentar os custos logísticos porque envolve transporte, condições das estradas e estações. Também afeta a população, que não consegue se deslocar para consumir. É preciso melhorar a infraestrutura e impulsionar a economia para que o empresário sinta confiança em investir e a população em comprar”, completa Rafael Ramos.

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