Chesf vai vender ativos para equilibrar o caixa e fazer investimentos

Previsão da companhia é captar entre R$ 1,5 bilhão e R$ 3,7 bilhões
Adriana Guarda
Publicado em 25/01/2017 às 7:00
Previsão da companhia é captar entre R$ 1,5 bilhão e R$ 3,7 bilhões Foto: Bernardo Soares/ Acervo JC Imagem


Sentado a menos de uma semana na cadeira da presidência da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), o engenheiro Sinval Gama tem o desafio de reequilibrar as finanças da companhia e tirar projetos de investimento do papel. Braço da Eletrobras, a empresa vai acompanhar o plano de reestruturação da estatal, que prevê venda de ativos, corte de custos e incentivo à demissão voluntária. Na Chesf, a projeção é captar entre R$ 1,5 bilhão e R$ 3,7 bilhões. Por questões estratégicas, a empresa ainda não anunciou a lista de ativos que serão comercializados, mas serão participações parciais ou integrais em parques eólicos e solares, linhas de transmissão e usinas hidrelétricas.

Os recursos das vendas serão utilizados para alavancar projetos arrematados em leilões de transmissão e geração, em que a Chesf tem compromisso de entrega com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). São empreendimentos também nas áreas de energia hidráulica, eólica, solar e em linhas de transmissão, tocados de forma isolada ou em consórcio com outras empresas. O investimento necessário para encaminhar os projetos é de R$ 2 bilhões para retomar as obras de 80 linhas de transmissão no Nordeste.

"A reestruturação é o caminho indispensável para a retomada do equilíbrio econômico-financeiro da Chesf, pois só assim a empresa poderá cumprir suas obrigações como concessionária. Mas será necessário adotar critérios eficientes na venda dos ativos para atrair interessados. O primeiro andar das candidatas serão as companhias que já atuam no setor elétrico, principalmente nos segmentos de geração e transmissão", diz o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales.

Outra etapa da reestruturação é o corte de gastos. A companhia vai diminuir funções comissionadas e níveis hierárquicos, otimizar processos de compras e criar um programa de demissões voluntárias. Os caminhos para buscar recursos também incluem peregrinação pelos bancos oficiais (BNDES, Caixa Econômica e Banco do Nordeste do Brasil) para conseguir financiamento, além de destravar processos judiciais. Um deles é a tentativa de desbloquear R$ 500 milhões da longa disputa judicial com empreiteiras no contrato de construção da Usina de Xingó.

"Os ajustes propostos pela Chesf serão importantes não só para a companhia, mas também para o País, que tem pressa em retomar os investimentos. São inúmeros os leilões de energia sem oferta, com lotes vazios ou com vencedores, mas que não entregam os empreendimentos dentro do prazo. Se a venda dos ativos for bem sucedida pode significar um novo memento na trajetória da empresa após a crise que se abateu sobre o setor elétrico a partir de 2012 (com a edição da Medida Provisória 579, que provocou uma queda artificial de 20% nos custos de energia e deteriorou o caixa das empresas).

MINISTRO

Na última segunda-feira (23), o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, e o secretário de Energia do ministério, Fábio Lopes, participaram de reunião com o presidente da Chesf na sede da Empresa, no Recife. No encontro, Sinval apresentou ao ministro pernambucano as medidas que serão tomadas para o equacionamento dos recursos necessários ao desenvolvimento do Plano de Negócios da Chesf. “O ministro está bastante empenhado em ajudar a Chesf a conseguir entregar as suas obras, o que possibilitará que a Companhia volte a ser vetor do desenvolvimento do Nordeste”, disse Sinval.

Quando tomou posse no último dia 13, Sinval afirmou seu compromisso de retomar as obras no Nordeste e lembrou que 30 delas atrasaram por falta de recursos. Nos próximos dois anos a expectativa é promover a geração de 30 mil empregos com a obra de 80 linhas de transmissão, que vão contribuir para alavancar o desenvolvimento regional.  

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