Nem o secular açúcar nem as modernas resinas que viram PET e poliéster. Os principais produtos exportados por Pernambuco em 2016 foram combustíveis e automóveis, produzidos na Refinaria Abreu e Lima e na fábrica da Jeep. A mudança altera um ciclo histórico, em que o açúcar se manteve imbatível no topo da pauta, acompanhado de perto pelos produtos plásticos a partir de 2009. A tendência, agora, é de que os automóveis assumam a liderança com o avanço da produção da montadora em Goiana.
“Estamos passando de uma pauta que tinha uma commodity como principal produto e agora estamos falando de um salto de valor agregado, com a exportação de veículos e combustíveis. No caso da Jeep, apenas uma exportação inicial foi capaz de provocar essa revolução na nossa balança comercial. Mas existe um potencial muito maior quando a companhia consolidar as vendas para o mercado externo. É uma demonstração de que as grandes empresas estão sabendo aproveitar a posição geográfica privilegiada do Estado”, avalia o gerente de Desenvolvimento Empresarial da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Maurício Laranjeira.
Produzindo três modelos de veículos em Goiana, no ano passado a Jeep começou a exportar o Renegade e o Toro. Por enquanto, o mercado-alvo foi a América do Sul, com embarques para Argentina, Chile, Paraguai, Colômbia, Uruguai, Peru e Costa Rica (veja arte abaixo). Só na Argentina desembarcaram 12 mil veículos (US$ 265,5 milhões), nas versões com motores a diesel e a gasolina. “Ainda é uma exportação pequena, se levarmos em consideração que a fábrica tem capacidade para produzir 250 mil carros por ano”, observa Laranjeira.
Como a Rnest ainda não concluiu o primeiro trem (etapa) e ainda está indefinida a retomada do segundo, a expectativa é que os veículos ultrapassem os combustíveis na pauta exportadora. Em 2016, diesel e óleo combustível já representaram 24% da pauta, seguidos por automóveis (21,4%), resinas (15,7%) e açúcar (9,37%).
A mudança na pauta também alterou a lista dos países que mais compraram de Pernambuco.
No ano passado, o top dez foi integrado por Argentina, Estados Unidos, Cingapura, Holanda, Chile, Marrocos, Venezuela, Espanha, Antilhas Holandesas e Reino Unido. “Cingapura comprou o equivalente a US$ 118,5 milhões em óleo combustível, enquanto Marrocos importou US$ 33,1 milhões em diesel. São dois países que não figuravam como parceiros do Estado”, diz Laranjeira.
A crise econômica acabou sendo positiva para o comércio exterior em Pernambuco. O dólar com a cotação mais favorável e o desaquecimento do mercado interno fez com que as empresas mirassem o mercado internacional. O resultado foi um recorde nas exportações desde 2013 (quando houve um avanço artificial graças a exportação de uma plataforma de petróleo pela Petrobras).
Em 2016, as exportações alcançaram US$ 1,4 bilhão, registrando um crescimento de 35,47% sobre o ano anterior. “O bom desempenho também fez com que o Estado aparecesse como o terceiro maior exportador do Nordeste, atrás apenas da Bahia e do Maranhão. Tomamos a posição de Estados como Ceará e Alagoas”, comemora o executivo da Fiepe.
O desafio de Pernambuco é desenvolver uma cultura exportadora entre os empresários do Estado. O crescimento das exportações foi puxado pelas grandes companhias, sendo pequena a participação de empresas de capital pernambucano. Com a mudança na gestão Federal fica o questionamento se o programa de impulso às exportações, comandado pelo ex-ministro pernambucano Armando Monteiro Neto terá continuidade.