Muitas empresas do Araripe estão reduzindo a produção, demitindo funcionários e algumas até fechando as portas. “A crise é avassaladora e está ligada à inércia da construção civil. O polo gesseiro está falindo. Temos casos de empresas que reduziram a produção em 60%”, conta o diretor do escritório da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) no Araripe, Meton Carvalho.
Quase 100% das empresas do polo gesseiro do Araripe têm na construção civil o seu principal cliente. “A minha ideia é vender ou fechar a fábrica, porque não há mais condições de produzir”, diz o administrador da Marília Gesso, Ezequiel Araújo de Andrade. A planta fica em Araripina e reduziu em 60% a sua produção. Já chegou a empregar 35 pessoas, das quais 12 continuam trabalhando.
A diminuição da produção fez os custos da empresa se tornarem maiores do que o preço da venda do produto, de acordo com Ezequiel. Ou seja, a empresa perdeu escala. A companhia produzia principalmente para a construção civil e o mesmo grupo possui outra empresa em São Paulo que aplica gesso nos imóveis em construção. “Atualmente, é mais vantagem comprar gesso de outro produtor em São Paulo do que continuar produzindo no Araripe”, resume Ezequiel. A empresa começou a operar em 2012 depois de um investimento de R$ 6 milhões.
A empresa pernambucana Gesso Cristal registrou queda de 9% e 8% no volume de vendas, respectivamente, em 2015 e 2016. O recuo na receita fez a empresa reduzir em 17% o seu quadro de pessoal que saiu de 36 funcionários para 30. A empresa produz gesso para revestimento. “Reduzimos uma turma que trabalhava no final de semana. Agora, a fábrica fica parada aos sábados e domingos”, afirma o diretor da companhia, Rinaldo Lucena.
No Araripe, tanto o número de empresas como o de empregos aumentou nos anos de 2011 e 2012. Nos anos recentes, 2010 foi o de maior crescimento na história do Brasil e do Estado, puxado principalmente pela boa performance da construção civil. A partir de 2013, o setor gesseiro parou de crescer e as quedas ocorreram nos últimos dois anos.
Em 2016 a crise fez a indústria de produção de mineral não metálico do Sertão do Araripe terminar com um saldo negativo de 478 empregos a menos do que o ano anterior, segundo números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego. Na atividade extrativa (a retirada do gesso do solo) foram 107 vagas a menos na mesma comparação. A quantidade de empresas que fazem a produção de gesso também diminuiu segundo a Fiepe. Em 2012, 351 atuavam nesse setor no Araripe. No final de 2015, eram 311.