O ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, anunciou, ontem, via sua assessoria, que está prevista a chegada da água do rio São Francisco à Paraíba no próximo sábado (11/03). Na semana passada, o Ministério Público Federal (MPF) em Monteiro (PB) pediu um laudo pericial em cinco dias que assegure que o reservatório de Barreiros, em Sertânia, não teve a sua estrutura danificada. Inaugurada no último dia 25, a barragem teve um vazamento na última sexta-feira que resultou na retirada de mais de 60 famílias que moravam próximas ao local, além de destruir uma parte da PE-280 que ligava Sertânia ao distrito de Bom Nome, em São José do Belmonte. O MPF em Garanhuns também instaurou um procedimento administrativo para verificar o estado das barragens que vão receber a água da transposição.
O projeto consiste na construção de dois grandes canais: o Eixo Leste, que começa em Floresta e acaba na cidade de Monteiro, na Paraíba, e o Eixo Norte, no qual a água é captada em Cabrobó e chega até a região de Jati, no Ceará. Segundo informações do Ministério da Integração Nacional, técnicos fizeram vistorias e as estruturas do Eixo Leste do projeto estão preparadas para levar água às torneiras dos paraibanos. As visitas realizadas ontem contaram com a presença do ministro e sua equipe técnica nos reservatórios de Barreiro (PE), Campos (PE), na barragem Camalaú (PB) e no açude Poções (PB).
O Nordeste está entrando no 6º ano de seca e a inauguração da transposição tem um retorno político muito grande. É a obra hídrica de maior porte realizada no Nordeste desde a década de 50. As adiantadas obras do Eixo Leste já receberam a visita do presidente Michel Temer (PMDB) assim como do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) que chegou a emprestar as bombas do Sistema Cantareira – usadas na crise hídrica de São Paulo – para que a água do Eixo Leste chegue a Paraíba.
O MPF da Paraíba também deseja saber se a vazão de água gerada pelo vazamento do reservatório de Barreiros não vai afetar as barragens de Poções e Camalaú, ambas na Paraíba, e que também vão receber a água do Eixo Leste. As duas últimas são antigas e vão fazer a água chegar a região de Campina Grande. “As barragens de Poções e Camalaú não têm um plano de segurança dessas barragens e nem um plano de segurança. Não existe uma metodologia, um rigor técnico. Visitas só com a presença de técnicos não asseguram a qualidade da obra. Falta gestão no projeto. Queremos os laudos que comprovem a segurança”, diz a procuradora da República em Monteiro, Janaina Andrade de Souza. O Ministério da Integração Nacional informa, via assessoria, que está finalizando a documentação e apresentará ao Ministério Público de Monteiro, na Paraíba, dentro do prazo e com absoluta segurança em relação às providências, respeitando e levando em conta todas as preocupações - que também são desta Pasta -apresentadas pelo Ministério Público.
A falta de gestão pode resultar num grande desperdício das águas do Rio São Francisco, que já passa por uma situação de estresse hídrico com menos chuvas nas suas nascentes e a menor vazão da sua história. A transposição vai beneficiar 12 milhões de pessoas em 390 municípios de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
Uma parte do Eixo Norte ainda está sem obras. Envolvida na Lava Jato ( que revelou um esquema de corrupção bilionário envolvendo construtoras, políticos e diretores da Petrobras), a empresa Mendes Júnior abandou as obras do Eixo Norte. Ontem o Ministério da Integração Nacional desclassificou a construtora Passarelli Ltda na licitação que vai escolher uma construtora para fazer as obras iniciadas pela Mendes Júnior. A intenção do ministério é concluir a concorrência ainda este mês.