A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) registrou lucro de R$ 3,9 bilhões em 2016, contra um prejuízo de R$ 475,9 milhões em 2015. O lucro foi contábil porque a empresa incorporou ao seu balanço do ano passado uma indenização de R$ 5,9 bilhões a qual começará a ser paga em julho deste ano. Essa indenização deveria cobrir os investimentos para implantação das linhas de transmissão que a estatal deveria receber até 31 de dezembro de 2012 dentro do que estabelece a Lei nº 12.783/ 2013. Lançada no governo Dilma Rousseff (PT), essa lei previa a redução de 20% da conta de todos os brasileiros, o que não chegou a ocorrer.
Essa mesma lei reduziu o preço da venda da energia da Chesf desde janeiro de 2013. Atualmente, as hidrelétricas, de uma maneira geral, vendem o megawatt pelo preço médio de R$ 150 a R$ 160 o megawatt (MW), enquanto a estatal comercializa, em média, por R$ 38, o megawatt gerado pelas suas usinas. Essa queda no preço da venda de energia deixou a empresa numa situação difícil e hoje praticamente as receitas se igualam as despesas, segundo a diretoria da estatal.
Os valores homologados da indenização não representam a imediata entrada de recursos financeiros no caixa da Companhia. De acordo com a Portaria MME nº 120/2016, o recebimento dos valores das indenizações se dará em forma de receitas mensais, recebíveis em oito anos, a partir de julho deste ano.
É com o dinheiro dessas indenizações e a receita de novos empreendimentos da empresa que devem entrar em operação que a Chesf planeja investir cerca de R$ 3,5 bilhões nos próximos dois anos. No ano de 2016, o total investido pela estatal em empreendimentos próprios e em sociedade somaram R$ 1,6 bilhão. Os investimentos corporativos para a expansão e modernização da Companhia foram de R$ 681,4 milhões, sendo R$ 97,4 milhões em geração de energia; R$ 551,9 milhões em obras do sistema de transmissão e R$ 32,1 milhões em outros custos de infraestrutura.