Venda de produtos e festas privadas ajudam blocos de Carnaval

Festas particulares e venda de produtos que remetem às alegorias são fonte de renda para os blocos de Carnaval
Da editoria de economia
Publicado em 04/02/2018 às 6:07
Festas particulares e venda de produtos que remetem às alegorias são fonte de renda para os blocos de Carnaval Foto: Foto: Leo Motta/JC Imagem


Botar o bloco na rua não é tarefa fácil mesmo na terra do Carnaval. Para cobrir gastos com orquestra, pessoal e fantasias, os clubes, blocos e troças apostam na veia empreendedora e vendem produtos que fazem referência às alegorias. Além de gerar renda, o objetivo é perpetuar a marca.

Um exemplo de criatividade no Carnaval é o lançamento da grife do Clube Carnavalesco de Alegoria e Crítica O Homem da Meia Noite, feito em parceria com a estilista Rafaela Mendes. Em caráter experimental, foram lançadas 200 peças, entre camisetas, blusas e vestidos com estampas que remetem ao calunga. Praticamente todas já foram vendidas.

“Não é fácil fazer Carnaval. Enfrentamos problemas como atraso no pagamento de apresentações até dificuldade para achar patrocinador. Hoje, temos diversos parceiros, mas só um patrocinador. A partir desses problemas, começamos a pensar em possibilidades para tornar o Homem da Meia Noite viável. Decidimos lançar a grife e muita gente veio procurar as roupas. Essa grande demanda nos permite expandir a grife, fazer uma linha praia ou infantil”, afirma o presidente do clube, Luiz Adolpho. Em setembro deste ano, outra coleção deve ser lançada.

Foto: Cristiano Freitas/Divulgação

A ideia é movimentar a economia local. Duas crocheteiras, quatro costureiras e três auxiliares de produção, além de outros profissionais, foram mobilizados para tirar a ideia do papel. A estilista Rafaela Mendes ajudou a gerenciar a produção e acredita que a moda deve traduzir a cultura local. “Eu acho que os clubes tem que se reinventar pra viverem. E o Homem da Meia-Noite foi o primeiro clube carnavalesco a lançar uma grife da moda, a vestir cultura. A roupa é para ser usada o ano inteiro, não só no Carnaval. Na próxima edição da grife, vamos mapear mais costureiras em Olinda para participarem”, afirma.

Já o Elefante de Olinda conta com a ajuda dos jovens seguidores para inovar e buscar recursos. Eles vendem camisas, boné de elefante e canecas. Só de camisas, já foram vendidas mais de 600, quase o dobro do volume vendido em 2017. Para Anax Botelho, um dos seguidores do Elefante, isso aconteceu por causa da maior divulgação do clube na internet, através das redes sociais, e a realização de “trotes”. “Antigamente, a prévia era chamada de trote. O Elefante voltou a fazer essa festa em 2017. A edição deste ano teve um público quatro vezes maior. Aproveitamos o momento pra vender os produtos”, diz.

Foto: Leo Motta/JC Imagem

Além da venda dos produtos, alguns blocos investem na realização de festas privadas. É o caso do Eu Acho é Pouco. “Em 2000, quando assumi, meu pai bancava o Carnaval e estava com uma dívida enorme. Para reverter a situação, chegamos a realizar quatro festas privadas por ano para conseguir recursos e botar o bloco na rua. Hoje, fazemos um baile para cerca de 1,5 mil pessoas. Também vendemos camisas, peças de tecidos e cartazes. A ideia é usar os recursos arrecadados com a festa privada e os produtos para cobrir nossos custos neste Carnaval e deixar caixa para o próximo ano. A nossa festa mesmo é na rua”, comenta um dos organizadores, Guilherme Calheiros.

A troça Mulher na Vara também aposta na realização de uma festa privada para arrecadar recursos. "A gente fez um acordo com uma produtora para fazer uma festa privada. Ganhamos um percentual do lucro. O valor que recebemos é suficiente para bancar o bloco. Só para produção de camisas gastamos mais R$ 4 mil. O custo total gira em torno de R$ 16 mil", explica um dos organizadores, Samuel Costa. Por outro lado, também são realizadas festas públicas para divulgar a troça e vender produtos, como aconteceu neste sábado, no bairro do Espinheiro, na Zona Norte do Recife.

TRADIÇÃO

Sair no Carnaval não é barato. O Bloco das Flores gastou R$ 50 mil no ano passado. As principais fontes de renda são recursos públicos e contribuições de associados. Mas ainda assim não é suficiente. Por isso, o bloco vende CDs, camisas, adereços e fantasias. Segundo a presidente, Kátia Calheiros, o mais importante é manter o bloco vivo atraindo mais participantes. “O lucro com a venda não chega a 10% do que precisamos. Mas ajuda a botar o bloco na rua. Algumas pessoas compram fantasias para desfilar conosco, contamos com o apoio dos seguidores”, diz.

A aposentada Lindalva é uma das seguidoras do bloco das Flores todos os anos. A pernambucana que mora em Brasília há 47 anos volta ao Recife todos os anos para desfilar, com direito a fantasia e tudo. "Venho todos os anos a Pernambuco. Acompanho o Bloco das Flores há dez anos. Nos últimos dois anos, decidi que queria me fantasiar, coloquei meu marido na jogada para me acompanhar, pago R$ 1 mil pelas fantasias. Tudo me encanta no bloco. O Carnaval de rua de Pernambuco é o melhor do mundo"

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