Atualizada às 22h30
O Consulado da China do Recife reproduz nota da Embaixada da China no Brasil, informando as medidas adotadas pelo país para combater o coronavírus, que já matou mais de 200 pessoas. O documento diz que o governo chinês vai cuidar dos brasileiros, mas que não recomenda a saída do país.
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“Cumprindo com suas obrigações internacionais, o governo chinês atenderá atempadamente às preocupações legítimas dos brasileiros e de outros cidadãos estrangeiros na China e garantirá sua segurança com grande senso de responsabilidade, estendendo a eles o mesmo zelo que dispensa aos seus próprios cidadãos”, diz o texto.
De acordo com a embaixada brasileira na China, o governo chinês informou a representantes de diversos países no dia 23/01, que não está autorizada por um período de quarentena de 14 dias qualquer pedido de saída pela via terrestre. Em 2018, o Itamaraty estimou que existam 16,7 mil brasileiros vivendo na China. Mesmo com a pressão internacional, não há informação de que o governo chinês tenha autorizado a saída de qualquer cidadão estrangeiro da quarentena.
A nota encaminhada pelo Consulado Chinês no Recife também enfatiza que “em sua recente visita à China, o diretor-geral da OMS manifestou alto apreço pelas medidas rigorosas e eficazes adotadas pela China e afirmou que a OMS não recomenda a retirada de estrangeiros. A Embaixada está disposta a manter a comunicação com o governo brasileiro, com o objetivo de tratar adequadamente as questões atinentes à prevenção e ao controle da doença.
Sair da China também está cada vez mais difícil, em função do cancelamento de vôos pelas companhias aéreas. O governo brasileiro também informou que nesse momento não fará intervenção para trazer brasileiros do país.
O novo coronavírus está despertando a atenção do mundo por conta do número crescente de casos confirmados (já na casa dos milhares) e mortes (mais de 100). Nesta quinta-feira (30), a Organização Mundial da Saúde (OMS) aumentou o grau de risco da doença para o grau de emergência global de saúde. Já o Ministério da Saúde desaconselhou viagens à China e confirmou nove suspeitas no País, incluindo uma no Nordeste, no Ceará.
Apesar do receio ainda grande, as informações do novo coronavírus começam a ficar claras: ele é menos mortal que o da Sars (Síndrome Respiratório Aguda Severa), mas mais transmissível - aparentemente, mesmo antes da aparição dos sintomas -, enquanto a comparação com seu parente dá pistas de como combater a epidemia.
O novo vírus, batizado 2019-nCoV, e o da Sars pertencem à mesma família de coronavírus e no plano genético têm 80% de semelhanças.
Os cientistas do Imperial College de Londres estimam que "em média, cada caso (de um paciente portador do novo coronavírus) infectou 2,6 pessoas a mais".
Chamada de "taxa básica de reprodução" ou R0, essa medida é importante para entender a dinâmica de uma epidemia.
No caso da Sars, estima-se que cada caso tenha infectado uma média de 2 a 3 pessoas (como a gripe), mas com grandes disparidades: havia "super transmissores" capazes de contaminar dezenas de pessoas.
No caso do novo vírus, há uma pergunta crucial: em que estado de infecção o paciente se torna contagioso. "O contágio é possível durante o período de incubação", ou seja, antes mesmo que os sintomas apareçam, disse Ma Xiaowei, diretora da Comissão Nacional de Saúde da China, no domingo. "É muito diferente da Sars", insistiu.
Essa hipótese, no entanto, baseia-se na observação de vários primeiros casos e ainda não está confirmada.
"Se isso for incomum, terá um impacto mínimo na evolução da epidemia, mas se for frequente, será cada vez mais difícil de controlar", explica o virologista Jonathan Ball, da Universidade de Nottingham (Inglaterra).
Acima de tudo, dado que o período de incubação pode ser prorrogado até duas semanas, segundo estimativas. Se essa hipótese for confirmada, "medidas como controle de temperatura nos aeroportos seriam ineficazes", disse a professora britânica Sheila Bird.
A doença causada pelo novo coronavírus e a Sars apresentam sintomas comuns, de acordo com a observação dos 41 primeiros casos detectados na China.
Todos os pacientes sofriam de pneumonia, quase todos tinham febre, três em cada quatro tossiam e mais da metade apresentava dificuldades respiratórias.
Mas "existem diferenças notáveis com a Sars, como a ausência de sintomas que afetam as vias aéreas superiores (congestão nasal, dor de garganta, espirros)", diz o Dr. Bin Cao, principal autor desses trabalhos publicados na revista The Magazine Lancet.
A idade média dos 41 pacientes é de 49 anos, e menos de um terço sofreu doenças crônicas (diabetes, problemas cardiovasculares...). Quase um terço teve uma condição respiratória aguda e seis morreram.
Embora não se possam tirar conclusões gerais devido aos poucos pacientes controlados do novo coronavírus, essas observações permitem elaborar um primeiro quadro clínico da doença - que já matou dezenas, principalmente na China - pois a nova infecção apresenta sintomas semelhantes aos da gripe de inverno, dificultando o diagnóstico.
Não existe vacina ou medicamento para o coronavírus e a assistência médica é para tratar os sintomas.
A epidemia de Sars foi contida em vários meses, graças à extensa mobilização internacional. A China impôs rígidas medidas de higiene à sua população, além de dispositivos de isolamento e quarentena.
O país também proibiu o consumo de gatos da algália, um mamífero pelo qual o vírus foi transmitido ao homem.
No caso do novo vírus, não se sabe até agora qual animal desempenha esse papel intermediário. Enquanto isso, a China proibiu o comércio de todos os animais selvagens.