* Atualizada às 19h52
O Carnaval, no Brasil, movimenta uma cadeia produtiva que deve faturar R$ 8 bilhões em 2020, segundo pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Os setores de alimentação fora do domicílio, transportes e hospedagem devem ser os maiores beneficiados com os gastos dos foliões.
Em Pernambuco a festa deve ser responsável por um faturamento de R$ 457,8 milhões, cerca de 3,4% a mais do que em 2019, quando a estimativa de gasto ficou em R$ 381,9 milhões. Com esse volume de receita o Estado fica como quinto colocado, atrás de Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Minas Gerais. De acordo com o economista da Fecomércio-PE Rafael Ramos, diversos fatores explicam o fato de Pernambuco não estar no topo do ranking, mesmo com uma festa já tradicional.
A cultura de um Carnaval mais popular, e menos monetizado, é a principal diferença entre os demais. A questão PIB de cada um desses Estados que lideram a lista também conta, segundo o economista. "Os outros Estados têm essa questão dos camarotes mais forte. Também são muito mais vendidos pelas patrocinadoras. Em Pernambuco é muito de rua, popular, ainda não se explora tanto o potencial econômico", argumenta Rafael Ramos.
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A pesquisa da CNC analisa que o crescimento na estimativa, a melhor desde 2015, se dá pela desvalorização do Real ante o Dólar. Em comparação com o ano passado, a moeda brasileira está 10% mais fraca. Isso faz com que os brasileiros prefiram curtir o feriadão no mercado doméstico e atrai os estrangeiros que enxergam a folia brasileira como algo a baixo custo.
Quem aproveita é o empresariado do setor de alimentação fora domicílio, que sozinho abocanha 60,5% do faturamento total. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Pernambuco, André Araújo, as expectativas para a folia deste ano são as melhores. "Estimamos um crescimento bruto de 10%", prospecta ele que referenda a pesquisa da CNC.
O setor de hospedagem também está otimista, embora tenha caído da segunda para a terceira colocação entre os setores que mais faturam no Carnaval – em relação à 2019. Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Pernambuco, Eduardo Cavalcanti, apesar da concorrência com serviços como o AirBnb a expectativa é de ocupação hoteleira na casa dos 90%. "Em Olinda caminhamos para 100%. Em Porto de Galinhas e no Recife deve ficar em 90%. Até em Gravatá e Bezerros a estimativa é de ocupação de mais de 90%", diz.
A pesquisa também pontua que, para atender ao aumento sazonal de demanda, deverá ocorrer a contratação de 25,4 mil trabalhadores temporários entre janeiro e fevereiro deste ano – 2,8% a mais do que em 2019. No entanto, para o economista Rafael Ramos, essa não é a grande realidade de Pernambuco, pois o Carnaval local exige menos mão-de-obra. "Aqui, falando grosseiramente, devemos gerar de 1.200 vagas", finaliza.