A Neoenergia irá disputar os leilões do governo federal para compra de energia de termelétricas (A-4 e A-5), em abril, com a usina a gás Termopernambuco. O atual contrato de operação da usina termelétrica acaba em 2024 e, de acordo com o CEO da Neoenergia, o empreendimento deverá participar do leilão sem nenhum “investimento adicional” e poderá ter um novo fornecedor de gás.
“Cadastramos a Termopernambuco para o leilão A-4 e A-5... em 2024 acaba o contrato e a gente está buscando todas as alternativas para viabilizar o empreendimento, que tem se mostrado muito necessário. Esperamos conseguir contratar ela nesse leilão, ela tem muita competitividade e não preciosa nenhum investimento adicional, salve o natural de uma usina térmica”, confirmou Ruiz-Tagle em teleconferência ontem.
A usina está instalada no Complexo Industrial Portuário de Suape e tem 532,76 megawatts em capacidade instalada. Atualmente mantém contrato com a Copergás (que tem como acionistas o governo de Pernambuco, a Mitsui e a Petrobras) para fornecimento do gás e geração de energia, mas até isso pode ser revisto pela Neonergia com a participação no leilão.
“O fornecimento de gás é um dos pontos que estamos trabalhando com mais cuidado (...) estamos avaliando todo tipo de alternativa, incluindo trazer gás importado, aproveitando estruturas que poderiam ser construídas por nós", disse o CEO. Os contratos da Termopernambuco que vencem em 2024 são com as próprias distribuidoras da Neoenergia, mas não podem ser renovados de forma automática. O endividamento da Termopernambuco caiu 12% em 2019 vide 2018 e os investimentos somaram R$ 84 milhões a mais que em 2018. O EBTIDA cresceu 18% e o lucro líquido 142% ao longo do ano passado.
O primeiro ano após a sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) trouxe um resultado recorde ao grupo Neoenergia e suas distribuidoras, como a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe). Ao longo do ano passado, a Neonergia alcançou um lucro líquido de R$ 2,2 bilhões, resultado 45,1% superior ao apurado em 2018 e que fez, pela primeira vez, a companhia elétrica superar a cifra de R$ 2 bilhões de lucro na história. Seguindo esse ritmo de crescimento, a Celpe teve um incremento de 62% no seu lucro, alcançando R$ 181,3 milhões ao longo de 2019. A receita saltou 3,2%, influenciada pela retomada do consumo de energia e o maior número de clientes.
Se isolado o resultado apenas do quarto trimestre do ano passado, a Celpe saltou de um lucro líquido de R$ 17,7 milhões no quarto trimestre de 2018 para R$ 71,4 milhões (variação de 303,4%) no mesmo período de 2019. Considerando os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização - o EBITDA - a companhia alcançou no quarto trimestre um resultado de R$ 233,1 milhões (22,4% de crescimento no comparativo com o quarto trimestre de 2018). No ano, o EBITDA foi de R$ 826,7 milhões, variação de 21,8%.
“O EBTIDA, ou seja, lucro operacional e capacidade de geração de caixa da empresa para pagar seus compromissos chegou a R$ 827 milhões em 2019, contra R$ 679 milhões em 2018. Esse crescimento representa 13,5% da receita líquida da empresa no ano passado. Houve uma expressiva melhora, assim como também houve do lucro. Para o negócio de distribuição, é um retorno bastante considerável, que pode ser explicado pela melhora na gestão dos custos da empresa”, avalia o consultor Jose Emílio Calado.
De acordo com o balanço da companhia, houve uma “expansão na base de clientes”, incluindo aí também as altas temperaturas, o que gerou maior demanda de consumo. No ano passado, a Celpe chegou ao total de 3,757 mil clientes, crescimento de 1,8%, sendo acrescido 68 mil novos consumidores. A maior alta veio do segmento rural, com 21,2%, seguido pelo segmento comercial (12,7%) e residencial (2,2%). Os clientes industriais ficaram praticamente estáveis, com 0,8%. No segmento rural, a demanda maior se justifica, segundo a Neoenergia, por conta da necessidade de irrigação diante da aridez. Já no consumo residencial e comercial, o crescimento se deve, além da questão climática, à retomada do consumo.
“Em se tratando de todas as distribuidoras da Neonergia, tivemos crescimento de 44% da classe residencial e 21% da classe comercial, influenciados pelas altas temperaturas e retomada da atividade econômica. A base de clientes ganhou 257 mil, fechando em 14 milhões de consumidores da Neoenergia”, justifica o CEO da Neoenergia, Mario Ruiz-Tagle.
Entre 2018 e 2019, o endividamento da empresa passou para R$ 4,4 bilhões, reduzindo 2,1% ou R$ 95 milhões em relação a dezembro de 2018.
“A conta que fazemos é como a empresa paga essa dívida, que é com a geração de caixa. Portanto, se fomos olhar lá no EBTIDA, em 2018, a empresa tinha 6.94 ebtidas de dívida, o que significa levar quase sete anos para pagar essa dívida. Em 2019, esse número cai para 5.64. Ou seja, a Celpe está gerando mais caixa. Em linhas gerais, a empresa aponta seis anos como tempo para pagar, o que significa que atualmente ela gera o caixa necessário para pagar esse endividamento dívida”, explica Calado. O retorno do patrimônio, lucro líquido do ano divido pelo patrimônio liquido do ano anterior, aponta um retorno na casa dos 11,4% aos acionistas da companhia.