O delegado da Delegacia de Repressão à Intolerância Esportiva, Paulo Moraes, declarou, nesta segunda-feira (9), que um inquérito policial foi instaurado para averiguar a identidade de todos os agressores envolvidos nos espancamentos coletivos do último domingo (8), entre as torcidas de Santa Cruz e Remo. Os confrontos se concentraram na Rua Cônego Barata, no bairro da Tamarineira, Zona Norte do Recife, e na Avenida Professor José dos Anjos, no Arruda, duas vias de acesso ao estádio José do Rego Maciel. O local foi palco do duelo vencido pela Cobra Coral por 2x0 sobre o Leão Azul, pela 13ª rodada da Série C do Campeonato Brasileiro.
"Estamos tentando identificar os autores das agressões. Nós sempre identificamos. O que venho notando é que havia gente jovem demais envolvida. Eu não recebi ainda imagens melhores das câmeras da segurança da SDS (Secretaria de Defesa Social) e dos prédios vizinhos. Estou apenas com as da internet e de celulares", comentou Paulo Moraes.
No momento das confusões, cinco pessoas foram detidas em flagrante e encaminhadas à Central de Plantões da Capital, no Bairro de Campo Grande, Zona Norte do Recife. Todos do sexo masculino e maiores de idade. Os suspeitos foram levados, na manhã desta segunda (9), para audiência de custódia, no Fórum Joana Bezerra.
O delegado Paulo Moraes revelou que várias instâncias do poder público tinham conhecimento que a partida entre Santa Cruz e Remo, na tarde do último domingo (8), daria margem a situações de violência como a flagrada em vídeo enviado ao JC uma hora antes do duelo. Nas imagens, um homem trajando camisa azul escuro, provavelmente do Remo, tenta agredir alguém da multidão que vem em sua direção. Nesse instante, várias pessoas desferem socos, pontapés e pauladas no homem, que permanece caído no asfalto até a chegada das viaturas da polícia.
"Todo mundo sabia. O Ministério Público sabia. o Poder Judiciário sabia. A Polícia sabia que ia ser um jogo de risco e problemático, esse jogo do Santa Cruz com o Remo. Uma parte dos torcedores vem de avião e a outra de ônibus e sempre tem confronto", relatou Paulo Moraes.
Para o delegado, o que amplia a violência das organizadas é sistema de alianças que elas promovem com clubes de fora do Estado. "O problema maior são as coligadas. A Remoçada é coligada da Torcida Jovem do Sport. Então, quando eles vêm para o Recife jogar com o Náutico e o Santa, a Jovem se alia com a Remoçada e o abacaxi está pronto. Isso é normal. Houve um jogo do Santa em Belém, e houve um abacaxi e o confronto lá. Aqui foi a represália", relatou.
O fato relatado por Paulo Moraes aconteceu em maio deste ano. Na ocasião, um grupo de torcedores do Remo fez uma emboscada a torcedores que desembarcavam no aeroporto de Belém. Um tricolor acabou sendo espancado. Apesar de bastante machucado, o homem escapou com vida.