Príncipe jordaniano Ali Bin Al-Hussein se candidata à presidência da Fifa

O príncipe jordaniano, de 39 anos, criticou de maneira implícita a controversa gestão de Joseph Blatter, de 78 anos, que busca um quinto mandato
Da AFP
Publicado em 06/01/2015 às 10:09
O príncipe jordaniano, de 39 anos, criticou de maneira implícita a controversa gestão de Joseph Blatter, de 78 anos, que busca um quinto mandato Foto: Foto: KARIM JAAFAR / AFP


Atualizada às 11h18

O príncipe jordaniano Ali Bin al-Hussein, vice-presidente da Fifa e representante da Ásia, anunciou nesta terça-feira que apresentará sua candidatura à presidência desta entidade, abalada por várias denúncias de corrupção, disputando o cargo com Joseph Blatter, que o ocupa desde 1998.

Outro candidato declarado é o francês Jérôme Champagne, que praticamente não tem chances de ser eleito. 

A eleição será realizada durante o congresso de Zurique, na Suíça, no dia 29 de maio, e a apresentação de candidaturas termina em 29 de janeiro.

"Sou candidato à presidência da Fifa porque acredito que é hora de deixar as polêmicas internas para voltar ao esporte", disse Bin al-Hussein em um comunicado oficial e em sua conta no Twitter.

"Não foi uma decisão fácil. É fruto de uma longa reflexão e de muitas discussões com colegas respeitados da Fifa nos últimos meses", explicou.

O príncipe jordaniano, de 39 anos, criticou de maneira implícita a controversa gestão de Joseph Blatter, de 78 anos, que busca um quinto mandato.

O futebol mundial "merece uma governança de classe mundial", disparou. A Fifa deve ser "uma organização de serviço e um modelo de ética, transparência e boa governança", acrescentou.

"As manchetes precisam focar no futebol, e não na Fifa. A Fifa existe para servir a um esporte que une, ao redor do mundo, pessoas que pertencem a diversas categorias sociais, políticas e religiosas", completou.

Azarão

Ali Bin al-Hussein, filho do terceiro casamento do falecido rei Hussein com a rainha Alia, morta em um acidente de helicóptero, nasceu em 23 de dezembro de 1975.

O príncipe, que estudou nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, ocupa atualmente múltiplos cargos de responsabilidade no futebol jordaniano e asiático.

Blatter anunciou no início de setembro que repetia a candidatura ao cargo que exerce há mais de 16 anos.

Desde o Congresso de São Paulo, em 11 de junho, não escondia sua intenção. "Estou bem, meu mandato acaba em maio de 2015, mas minha missão não terminou", havia dito, afirmando ter recebido "o apoio ativo da imensa maioria das federações nacionais".

De fato, embora os europeus sejam hostis em relação a ele, Blatter havia recebido em São Paulo sinais positivos das seis confederações que compõem a Fifa (Ásia, África, América do Norte, Central e Caribe, América do Sul, Oceania e Europa).

Já Jérôme Champagne, de 56 anos, x-vice-secretário-geral da organização, também se apresenta, mas, em teoria, não tem chances de ser eleito.

"Vamos esperar para ver as propostas dos outros supostos candidatos e vamos começar o debate democrático e transparente que peço desde o lançamento da minha campanha, no dia 20 de janeiro de 2014", reagiu Champagne num comunicado.

O francês Michel Platini, de 59 anos, presidente da União Europeia de Futebol (Uefa), parecia ser o único capaz de rivalizar com Blatter, mas no dia 28 de agosto anunciou que não se apresentaria e preferia apostar por um terceiro mandato à frente da Uefa.

"Conheço bem o príncipe Ali. Ele tem toda a legitimidade para ocupar as mais altas responsabilidades. Vamos esperar agora suas propostas para o futuro do futebol", afirmou o ex-camisa 10 da seleção francesa.

Suspeitas

Mesmo com a candidatura do príncipe Ali Bin al-Hussein, Blatter tem tudo para se reeleger sem maiores problemas, mas o provável quinto mandato promete ser dos mais conturbados.

A Fifa continua enfrentando várias suspeitas em relação à atribuição das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022 à Rússia e ao Catar, respectivamente.

Uma investigação foi realizada pelo americano Michael Garcia, ex-procurador de Nova York, que entregou um relatório em setembro.

Em dezembro, porém, o próprio Garcia pediu demissão e se mostrou inconformado com a interpretação que a entidade fez do documento. A Fifa alegou que o relatório não comprovava corrupção, apesar de apontar atos irregulares considerados "de alcance limitado".

O caso acabou sendo levado à justiça civil suíça, por "suspeitas de transferência internacional de patrimônio, tendo a Suíça como ponto de contato".

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