"Cultural". É assim que a Confederação Sul-Americana de Futebol, a Conmebol, tenta convencer a Fifa a abandonar as punições que estão sendo impostas contra as seleções da região por um comportamento homofóbico por parte de seus torcedores.
No total, as seleções latino-americanas já foram punidas em 13 ocasiões por conta de gritos com caráter de homofobia de seus torcedores, o que resultou em multas de 550 mil francos suíços por parte da Fifa, cerca de R$ 1,8 milhão.
Wilmar Valdez, presidente da Federação Uruguai de Futebol e um dos membros do Conselho da Fifa, contou à reportagem do jornal O Estado de S.Paulo que a Conmebol já manteve nesta semana reuniões com a direção da entidade máxima do futebol para avaliar o caso. Seu temor é de que, se o ritmo de punições continuar, a conta ficará elevada.
Nesta quarta-feira, a secretaria da Conmebol, já manteve reuniões com os membros da Fifa para explicar o caso em Zurique. Além disso, nesta quinta, os presidentes de federações sul-americanas vão fazer um protesto em bloco na entidade para tentar frear as multas.
Um dos argumentos é de que não se pode generalizar o comportamento de toda uma torcida pela reação "de alguns poucos" Outro argumento é de que esses gritos não tem uma conotação supostamente antigay e que seria uma reação "cultural". Observadores da Fifa e mesmo ativistas de direitos humanos contestam essa versão, alegando que é justamente esse padrão "cultural" que não se pode aceitar.
Na semana passada, foi a vez de a CBF pagar 20 mil francos suíços (cerca de R$ 66 mil) por conta de um incidente contra a Colômbia, em Manaus, no dia 6 de setembro. A CBF foi punida pela primeira vez, depois de gritos de "bicha" vindos do público ao goleiro adversário. Um advertência também foi lançada. Se a prática continuar, o Brasil pode ficar proibido de atuar em certos estádios do País ou mesmo ser obrigado a jogar a portas fechadas.
Mas, em outros três partidas da seleção, foram os jogadores nacionais que foram alvos de cantos de caráter homofóbicos pelos adversários. Isso ocorreu contra a Argentina, em novembro de 2015, contra o Chile, em outubro do ano passado, e contra o Paraguai, em março deste ano.
Pressionada diante da Copa do Mundo na Rússia em 2018, a Fifa quer demonstrar que está agindo contra o racismo e a discriminação. A maior das penalidades foi imposta contra o Chile, que, depois de já ter sido multado, voltou a cometer infrações e agora não poderá disputar o jogo do dia 28 de março contra a Venezuela no Estádio Nacional Julio Martínez Prádanos, em Santiago. Os chilenos ainda terão de pagar mais 65 mil francos em multas.