Após mais um dia de episódios envolvendo violência entre torcidas uniformizadas, onde três vítimas de espancamento foram atendidas no Hospital da Restauração, no Recife, volta-se a cogitar o pedido de extinção das próprias organizadas como uma das possibilidades mais abordadas entre a população. No entanto, segundo opinião do delegado Paulo Moraes, responsável pela Delegacia de Repressão à Intolerância Esportiva, especialista em segurança pública, extinguir as torcidas organizadas não traria efeito para evitar a violência no entorno dos estádios.
"Particularmente, eu sou contra a extinção das organizadas. Acho que não é isso que vai impedir a violência. Vai deixar de existir (a uniformizada), mas eles vão continuar se reunindo e agredindo. Não é isso que vai evitar as agressões nos jogos de futebol", aponta o delegado.
Ainda segundo Paulo Moraes, o principal entrave no combate à violência nos estádios está relacionado à ligação entre torcidas de diferentes estados. "O problema maior está aí. São as coligadas. A torcida Remoçada, do Remo, é coligada da Jovem, do Sport. Quando o Remo vem para Recife, para jogar com o Náutico ou o Santa Cruz, a Jovem se alia à Remoçada e pronto. Está feito o 'abacaxi'".
O delegado relembra ainda outros casos envolvendo esse tipo de rivalidade entre estados, com apoio de outras torcidas em locais de jogos. "Isso é normal. Houve um jogo do Santa Cruz com o Remo em Belém (também pela Série C, em 5 de maio) e houve confronto lá. Aqui é a represália. Todo mundo sabia. O Ministério Público, o Poder Judiciário, a Polícia, todos sabiam que era um jogo de risco, problemático entre Santa e Remo. E no aeroporto de Belém e do Recife também tiveram confrontos. Uma parte vem de avião e uma parte vem de ônibus. E sempre tem confronto", destacou.