O período entre 2010 e 2019 marcou uma grande oscilação para o Trio de Ferro do Recife. No Campeonato Brasileiro, Sport, Náutico e Santa Cruz contabilizaram muitos rebaixamentos e acessos nesta década. Títulos regionais e nacionais também fizeram parte do cenário esportivo. Porém, um ponto de convergência entre rubro-negros, alvirrubros e tricolores é que, neste recorte, com o crescimento das cotas televisivas, os clubes tiveram as maiores receitas das suas histórias. Sendo que, após um ano, ou um pouco mais, não conseguiram se sustentar na elite. Mais que isso, acumulam um grande volume de dívidas (passivo), situação que as atuais gestões tentam minimizar.
O Náutico iniciou a década tentando se recuperar depois de ter sido rebaixado à Série B após disputar a elite do futebol brasileiro por três anos consecutivos.O retorno à Série A, no entanto, só veio um ano depois, em 2011, quando o time alvirrubro, comandado pelo técnico Waldemar Lemos, fez boa campanha na Segunda Divisão, conquistando o vice-campeonato. Com a base do time que conquistou o acesso mantida para 2012, o Timbu fez a melhor campanha do clube na história dos pontos corridos. 12º colocado na Série A, o Náutico ajudou a rebaixar o rival Sport na última rodada e conquistou uma vaga para a Copa Sul-Americana.
O bom desempenho dos últimos dois anos no Campeonato Brasileiro, somado a maior receita da história do clube, no valor de R$ 48.105.068, credenciou o Náutico a fazer mais uma boa temporada, em 2013. Mas logo no primeiro semestre, o torcedor alvirrubro teve a primeira decepção. Sem conquistar o título do Campeonato Pernambucano desde 2004, o Timbu amargou mais um ano de jejum. Porém, o pior ainda estava por vir. Na Série A, o Náutico protagonizou uma campanha vexatória, sendo o lanterna com apenas 20 pontos somados.
De 2013 para cá, o Náutico não disputou mais a Primeira Divisão. Os quatro anos seguintes na Série B tiveram contextos diferentes. Se reorganizando, em 2014, o time alvirrubro não teve forças para brigar pelo acesso, diferente dos dois anos seguintes, quando bateu na trave, ficando em 5º colocado em 2015 e 2016. No ano de 2017, o Timbu reviveu o pesadelo de 2013. Dessa vez, a campanha pífia resultou. O Náutico voltaria a disputar a Terceira Divisão 19 anos depois.
Foi há dois anos que o presidente Edno Melo iniciou o processo de reconstrução do Náutico. Com uma política de austeridade financeira, a nova gestão conseguiu, aos poucos, colocar o clube de volta ao trilho. Um título estadual após 13 anos, o acesso à Série B e o inédito título nacional foram as conquistas somente dentro de campo, mas que não se limitaram aí. O retorno aos Aflitos, o ‘boom’ no quadro de sócios e a revelação de novos talentos nos últimos dois anos também foram grandes feitos da atual direção alvirrubra.
O Tricolor começou 2010 de maneira melancólica. Sem acesso para a Série C, parando no Guarany de Sobral nas quartas de final da Quarta Divisão. Porém, em 2011 iniciou uma ascensão que ficou marcada na história. Subiu para a Série A em quatro anos, conquistou a Terceirona em 2013 e, em 2016, auge na década, venceu a Copa do Nordeste e começou o Brasileirão de maneira avassaladora. Chegou a liderar o campeonato e ostentava uma invencibilidade 18 jogos. O pico de um time que, ao lado da sua torcida, acreditava que o pior já teria passado. Entretanto, a história nunca é fácil para o Santa Cruz.
Naquela temporada em que foi bicampeão estadual e venceu o Nordestão, o clube teve a maior receita da sua história, no valor de R$ 36.854.071. Um dos erros foi contar com que esse dinheiro seria maior, por conta da fracassada negociação com a fornecedora de material esportivo Dry World. Valores foram comprometidos na espera de algo que não veio. o Santa gastou mais do que poderia e caiu para a Segunda Divisão.
Disse uma vez o saudoso Nereu Pinheiro que o Tricolor “só ganha as coisas com sacrifício. Quando ele tem as coisas fáceis, ele começa a deixar passar". Fala que reflete a montanha-russa vivida pelo Mais Querido. Tão rápida quanto a ascensão, foi a descida. Dois rebaixamentos consecutivos, em 2016 e 2017, e o retorno para a Série C, onde permanece, pelo menos, até o ano que vem.
De uma aproximação maior da torcida para sair do fundo do poço, para um afastamento que reflete com o momento anestesiado de quem foi o Terror do Nordeste por vários anos. No retorno para a Série C, não se viu mais o Arruda cheio como antes, com públicos acima de 20, 30 mil como uma regra, não exceção. O trabalho que o Santa Cruz terá para se reaproximar do seu maior patrimônio, o torcedor, será o principal mote para que tenha, novamente, anos de conquistas como foi de 2011 a 2016. Mas que não fique só aí. É preciso aumentar o alicerce e sua estrutura para profissionalizar em busca de maiores voos.
Por sua vez, o Sport começou a década sagrando-se pentacampeonato estadual em 2010. Mas o desejado hexa escapou após derrota para o Santa Cruz. Contudo, o ano de 2011 foi salvo com um improvável acesso para a Série A, com uma arrancada na reta final do time comandado pelo técnico Mazola Júnior. Em 2012, novo revés para o Tricolor no Estadual, além do rebaixamento para a Segundona. A partir de 2013, o panorama começou a mudar. O Leão subiu de novo para a Primeira Divisão, contando com gols de Marcos Aurélio e Neto Baiano. No ano seguinte, com o técnico Eduardo Baptista, o Sport venceu o Pernambucano e voltou a levantar o troféu da Copa do Nordeste, – foi 13º no Brasileirão.
Em 2015, o rubro-negro fez uma das suas melhores campanhas em nacionais. Chegou a liderar a Série A e esteve na briga pela Libertadores até o fim. Acabou na sexta colocação e contou com um time que marcou época: Diego Souza, Rithely, André, Marlone, Danilo Fernandes, entre outros. Porém, o Leão deu um passo maior do que as próprias pernas naquele momento.
O ano de 2016 trouxe outro recorde de receitas, próximo da casa dos R$ 130 milhões. Dentro de campo, no entanto, o time não conseguiu repetir a excelente campanha na Série A do ano anterior, mas evitou a queda, mesma situação de 2017. A diferença é que, no primeiro semestre, ganhou mais um Pernambucano. Ano passado, porém, com uma grave crise financeira, o rebaixamento ocorreu.
Já nesta temporada, com a política de pés no chão e de recuperação financeira do presidente Milton Bivar, o Sport voltou a conquistar o Estadual e fez uma campanha constante na Segunda Divisão, conquistando o acesso outra vez.
2010: D (14º)
2011: D (2º)
2012: C (14º)
2013: C (1º)
2014: B (9º)
2015: B (2º)
2016: A (19º)
2017: B (18º)
2018: C (7º)
2019: C (13º)
Resumo: 3 acessos e 2 rebaixamentos.
Títulos: Campeonato Pernambucano (2011, 2012, 2013, 2015 e 2016), Copa do Nordeste (2016) e Série C (2013)
RECEITAS
2010 - R$ 6.126.820
2011 - R$ 17.185.073
2012 - R$ 13.133.535
2013 - R$ 16.955.711
2014 - R$ 16.504.362
2015 - R$ 15.110.061
2016 - R$ 36.854.071
2017 - R$ 15.848.541
2018 - R$ 8.765.924
EVOLUÇÃO DO PASSIVO
2010 – R$ 66.357.782
2011 – R$ 69.775.333
2012 – R$ 71.536.863
2013 – R$ 71.377.478
2014 – R$ 72.727.047
2015 – R$ 77.728.805
2016 – R$ 62.604.879
2017 – R$ 65.917.841
2018 – R$ 53.547.856
2010: B (6º)
2011: B (4º)
2012: A (17º)
2013: B (3º)
2014: A (14º)
2015: A (6º)
2016: A (14º)
2017: A (15º)
2018: A (18º)
2019: B (2º)
Resumo: 3 acessos e 2 rebaixamentos.
Títulos: Campeonato Pernambucano (2010, 2014, 2017 e 2019) e Copa do Nordeste (2014)
RECEITAS
2010 – R$ 28.834.249
2011 – R$ 46.875.544
2012 – R$ 79.807.538
2013 – R$ 51.428.086
2014 – R$ 60.797.294
2015 – R$ 87.649.465
2016 – R$ 129.596.886
2017 – R$ 105.471.746
2018 – R$ 104.098.716
EVOLUÇÃO DO PASSIVO
2010 – Não encontrado
2011 – R$ 45.278.851
2012 – R$ 27.381.926
2013 – R$ 22.751.467
2014 – R$ 73.396.626
2015 – R$ 121.167.577
2016 – R$ 125.080.279
2017 – R$ 183.562.095
2018 – R$ 193.439.749
2010: B (13º)
2011: B (2º)
2012: A (12º)
2013: A (20º)
2014: B (13º)
2015: B (5º)
2016: B (5º)
2017: B (20º)
2018: C (5º)
2019: C (1º)
Resumo: 2 acessos e 2 rebaixamentos.
Títulos: Campeonato Pernambucano (2018) e Série C (2019)
RECEITAS
2010 – Não encontrado
2011 – R$ 19.236.142
2012 – R$ 41.089.423
2013 – R$ 48.105.068
2014 – R$ 15.959.176
2015 – R$ 18.363.286
2016 – R$ 16.723.513
2017 – R$ 19.825.262
2018 – R$ 16.051.433
EVOLUÇÃO DO PASSIVO
2010 – Não encontrado
2011 – R$ 62.442.207
2012 – R$ 71.979.517
2013 – R$ 87.816.127
2014 – R$ 137.364.572
2015 – R$ 149.267.447
2016 – R$ 155.639.544
2017 – R$ 165.936.253
2018 – R$ 284.527.291
Fonte: Blog de Cássio Zirpoli