Nos últimos 30 anos, o Náutico teve 17 presidentes. Porém, apenas quatro deles conquistaram um título para o clube: Antônio Amante, André Campos, Sérgio Aquino e Ricardo Valois - todos campeões estaduais em 1989, 2001, 2002 e 2004, pela ordem. A reportagem do Jornal do Commercio procurou os quatro ex-presidentes alvirrubros para saber qual foi o segredo para formar, na época, um grupo vencedor e qual a solução para o Náutico reencontrar os seus dias de glória.
Se pudesse resumir em uma única palavra o segredo das quatro gestões vencedoras seria: união. “O que falta no Náutico é humildade. Somos uma família, mas uma família desunida não vai pra frente”, declarou Antônio Amante, que tem o pensamento semelhante ao de André Campos. “O clube sofre um grande problema de desarmonia, o que tem levado o Náutico para essa situação”, falou. “O principal ponto de nossa gestão é que não tinha ninguém atrapalhando. Ninguém trabalhando contra. O que vemos atualmente é essa desarmonia entre o Conselho Deliberativo e o executivo do clube”, complementou.
Ao contrário do que acontece hoje, o Timbu não tinha uma oposição tão feroz a ponto de dificultar o desenvolvimento do clube. “O Náutico começou a ter uma oposição mais acirrada de 2013 pra cá. O clube ficou dividido. As pessoas que estão à frente do Conselho Deliberativo fazem parte da chapa que ficou como oposição e tem dificultado bastante a gestão atual”, destacou Ricardo Valois, que durante o seu mandato (de 2004 a 2007) não encontrou dificuldades para dialogar com o CD.
“Tive muita ajuda do presidente do conselho da época, Eduardo Araújo, que foi importante politicamente e nos ajudava a conseguir patrocínios”, lembrou o ex-mandatário, também citando os empresários Américo Pereira e Sidney Wanderley.
Outro ponto de sucesso que também foi consenso entre os quatro ex-presidentes campeões pelo Timbu foi com relação à estabilidade financeira que eles conseguiram implementar no clube.
“Você tem de ter um orçamento e cumprir. A questão política é fundamental, mas se as finanças estiverem equalizadas, a questão política fica mais fácil. Ninguém vai lhe contrapor porque não terão o que dizer. Então, com a economia resolvida e a política abrandada, os resultados acontecem. São coisas que se retroalimentam. O inverso também é verdadeiro: sem dinheiro e com salários atrasados, quem faz oposição vai crescer e esses dois fatores contribuirão para o insucesso dentro de campo”, pontuou Sérgio Aquino.
Como a eleição do Náutico será com chapa única e a aclamação está marcada para o dia 16 de julho, André Campos lembrou o que o novo presidente precisa ter para tentar colocar o Timbu em ordem. “A primeira coisa quando se assume a presidência do clube é ter humildade. Saber que precisa de todos. O Náutico é um clube pequeno, que tem dificuldades financeiras por ter torcida e receita menores, principalmente em relação ao Sport. É preciso humildade para procurar e juntar as pessoas, buscando sempre minimizar as arestas que surgirem”.
Apesar de fazerem parte da história do Náutico, os quatro ex-mandatários não pretendem voltar à presidência. “Já dei minha contribuição. Quem tiver disposto a assumir o clube que assuma e procure unir os alvirrubros. O Náutico não aguenta mais sangrar como vem sangrando”, frisou Valois.