Gilmar revela mágoa após saída do Náutico; diretoria rebate

Atacante disse que não tinha contrato enquanto estava no DM. Vice-presidente do Timbu se diz surpreso com declarações
Diego Toscano
Publicado em 09/10/2018 às 18:43
Atacante disse que não tinha contrato enquanto estava no DM. Vice-presidente do Timbu se diz surpreso com declarações Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem


A segunda passagem de Gilmar pelo Náutico não terminou como ele gostaria. Além de só ter atuado em uma partida em 2018, prejudicada pela séria lesão de ligamento do joelho que teve no ano passado, o atacante também reclamou da postura da diretoria para encerrar o vínculo. Em entrevista por telefone, o jogador falou sobre o período que ficou machucado, onde reclama que não tinha contrato com o clube, da rescisão após a Série C e da chateação na saída da Rosa e Silva. Também ao JC, a diretoria negou qualquer tipo de atraso, garantiu ter documentos que comprovem os pagamentos e o vínculo mesmo no período da lesão e se mostrou surpresa com as declarações de Gilmar.

No dia 6 de outubro de 2017, contra o Goiás e pela 28ª rodada da Série B, Gilmar rompeu o ligamento cruzado do joelho direito. Segundo o jogador, o clube efetuou o pagamento até novembro, quando se encerrou o primeiro contrato. "Foi um ano difícil pra mim também financeiramente. O Náutico, infelizmente, estava passando por uma situação financeira e tive problemas de salários atrasados no clube. Todo mundo sabe disso. Na minha recuperação, além disso, teve aquele negócio de INSS e o clube. Acabei recebendo de ninguém", disse.

A explicação do jogador é que, entre dezembro e maio, o clube não manteve vínculo com ele. E que só foi mandado para a perícia do INSS, que foi negada, três meses depois da cirurgia. Também segundo ele, só em maio, já com a recuperação bem adiantada, é que foi feito um novo contrato com o Náutico. E que 'esqueceram' os atrasados e até falaram da gestão passada.

"No começo do ano, quando renovei meu contrato, meses em aberto e me falaram que não tinham obrigação de pagar porque não tinha contrato e, porque eu estava machucado, (era com) o INSS. Não fui, até porque me mandaram para fazer a perícia depois de três meses da cirurgia. Ela foi negada. Não estudei e não entendo de lei. Mas pelo que tempo que estou no futebol, em acidente de trabalho, a empresa tem obrigação com o funcionário. Ninguém conversava ou falava nada. E eu estava preocupado e focado na recuperação para voltar o mais rápido possível. Tinha um rapaz sendo meu intermediário e, quando foi conversar sobre essas questões, ficaram jogando pra gestão passada, que foram os outros que me contrataram", continuou.

Indagado sobre as declarações de Gilmar, o vice-presidente Diógenes se mostrou "absolutamente surpreso". Segundo o dirigente, o clube não só pagou tudo como ainda manteve o vínculo com o jogador entre dezembro e maio. "O Náutico tem todos os comprovantes. Não é um debate verbal, mas documental. O jogador se machucou, fizemos a cirurgia e a recuperação plena do jogador. Mantivemos o vínculo empregatício. Honramos tudo que tínhamos que honrar. Foi acordado e pago para o atleta um valor sobre esse período (entre dezembro e maio). Ele não deixou de estar com vinculo no clube", explicou.

Diógenes também negou que o Náutico não entrou deu assistência ao jogador. "Não procede. Gilmar falava muito comigo. Passamos por momento difícil na virada do ano de 2017, com dificuldades financeiras, de pagar em dia. Mas mesmo com tudo isso, a medida que o dinheiro foi entrando, fomos pagando. Ele recebeu. Não tem nada de estranho nesse processo. Tratamos o jogador, recuperamos e o colocamos em atividade novamente. Cumprimos todas as obrigações que tínhamos. Acho que o Náutico foi muito correto", ressaltou.

"SATISFAÇÃO"

Além da questão financeira, Gilmar também se mostrou chateado com a forma que o clube encerrou o novo vínculo com ele. O contrato iria de maio até outubro, mas foi encerrado em setembro. "Faltando um mês, me chamaram para rescindir e disseram que, acabou o campeonato, acabou o contrato. Quem falou comigo foi Bruno (Melo), supervisor do clube, que mandou mensagem dizendo para procurar o financeiro. Ninguém me ligou ou conversou comigo. Às vezes, não conduziram da maneira que eu imaginava e queria. Não é pelo financeiro, mas como fui tratado. Fiquei chateado mesmo. Acho que as pessoas esqueceram que passei pelo clube em 2008 e 2009. Voltei num momento delicado pro clube porque quis voltar, pela identificação", desabafou o atacante.

Diógenes respondeu sobre o tratamento dado pela diretoria na saída do jogador. Segundo ele, todos os atletas passaram pela mesma situação. "O que é que tem de estranho nisso? Chegou, sentou no departamento financeiro e, assim como todos os jogadores, negociou a rescisão. Acordou no ato um valor, assinou todas as documentações e recebeu o dinheiro na conta. Foi feita a transferência na frente dele. Eu não estou entendendo o que ele está reclamando, sinceramente. Não foi coagido a assinar nada. O clube foi totalmente correto com ele".

O dirigente relembrou também que, dias após a eliminação na Série C, agradeceu a todo o elenco em reapresentação no CT. "Empatamos o jogo e fomos desclassificados pelo Bragantino no dia 26 (de agosto). Marcamos uma reapresentação na terça ou quarta seguinte. Não fiquei ligando de um por um, mas agradeci a todo o elenco. É pra fazer o que mais? Tratamos todos da mesma forma: cordial e igualitária. Não falamos só com quem jogou, mas todo mundo, de funcionários ao DM. Pode falar com outros jogadores. Era pra ligar pra ele e fazer um agradecimento pela imprensa?", criticou.

ACALMAR OS ÂNIMOS

No final das entrevistas, apesar das críticas e desabafos, tanto Gilmar mostrou carinho pelo clube quanto Diógenes desejou sorte para o atacante na carreira. "O que guardo do Náutico é gratidão. Vou levar o clube no coração pro resto da minha vida. Tenho que agradecer também ao torcedor pelo carinho e respeito", disse o atacante. "Desejo muita sorte pra ele na carreira. Sempre foi um líder positivo no elenco", complementou o vice-presidente.

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