Autoridades e representantes de comitês das cidades olímpicas de Barcelona, na Espanha, e Londres, Inglaterra, consideradas atualmente ícones do turismo internacional, participaram nesta terça-feira (29), no Rio de Janeiro, do Fórum Rio 2017 – Um Futuro de Oportunidades, para mostrar com suas experiências como a capital fluminense poderá garantir um legado sustentável para moradores e visitantes após o término das Olimpíadas 2016.
O diretor comercial do Rio Convention & Visitors Bureau, Michael Nagy, promotor do fórum, disse que é importante ouvir os países que já passaram por essa experiência a fim de que o que foi positivo possa ser replicado no Rio de Janeiro. Ele destacou as experiências de sucesso de Barcelona e Londres para construir acordos que estarão prontos para produzir frutos depois de 2016, citando como exemplo o que está sendo feito no centro do Rio. “O centro da cidade está virando um destino de cultura, de música, gastronomia, semelhante aos grandes centros culturais mundiais, como Paris, para onde as pessoas viajam para ouvir jazz, por exemplo”, disse.
Nagy relacionou também as obras de mobilidade urbana, como a construção da Linha 4 do metrô, que ligará Ipanema à Barra da Tijuca e a modernização de hotéis. A Barra da Tijuca, na zona oeste, está se tornando, segundo ele, o maior destino de captação de turismo da América Latina. “A mobilidade trouxe um novo Rio de Janeiro não só para os turistas que vêm ao município, mas para o morador também. Porque uma cidade em que o morador consegue se locomover, o turista também aprecia”, disse.
Já Alfredo Lopes, presidente do Rio Convention & Visitors Bureau e da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (Abih-RJ), falou sobre a rede hoteleira carioca, exemplificando a situação de Barcelona antes de sediar as Olimpíadas. “A cidade não dispunha nem de hotéis para abrigar os turistas durante os Jogos Olímpicos e conseguiu superar as dificuldades, elevando a oferta em 5 mil quartos.”
Lopes informou que a rede hoteleira do Rio entregou no ano passado 6,8 mil quartos e prevê a entrada em operação, até março de 2016, de mais 16 mil quartos. “São números muito grandes frente a um movimento turístico internacional muito pequeno”. A preocupação do presidente da Abih-RJ é saber o que fazer para que em 2017 essa oferta não fique ociosa. No caso do Rio de Janeiro, ele disse que a fórmula a ser adotada deve se adequar de maneira constante à realidade mundial. “O dólar hoje, por exemplo, está favorável ao turismo importativo e não exportativo. Mas ninguém pode prever como a taxa irá variar até 2017”.
No caso de Barcelona e Londres, Lopes lembrou que lá foi feito um trabalho de divulgação. “Houve sempre investimento grande em propaganda, promoção, divulgação dessas cidades no mundo”. Além de o posicionamento das duas cidades na Europa, o poder aquisitivo dos europeus, maior que o dos vizinhos do Brasil na América Latina, facilidade de deslocamento e mais oferta de voos favorecerem o fluxo de turistas.
Para o presidente da Abih, o Rio de Janeiro tem muito para crescer no setor de turismo. Segundo ele, Barcelona, por exemplo, recebe atualmente 12 milhões de visitantes estrangeiros por ano e o Brasil em torno de 6 milhões. Isso “mostra o gap [lacuna] que nós temos para poder crescer”. Na avaliação de Alfredo Lopes, se não houver promoção constante antes, durante e depois das Olimpíadas, o setor hoteleiro terá um problema sério de ocupação em 2017, “porque só as Olimpíadas não vão resolver o problema para o futuro”.
O tema segurança, segundo o diretor comercial do Rio Convention & Visitors Bureau, Michael Nagy, foi consenso entre os participantes do fórum. O diretor-presidente do Barcelona Tourism Board, Jordi William Carnes, reconheceu que o assunto é motivo de preocupação em qualquer parte do planeta. “É um problema mundial, principalmente nos destinos de turismo”. Onde tem turista que não fala a língua local, há uma situação de alerta para os visitantes, destacou.
O Rio de Janeiro está atento a esse aspecto, garantiu Nagy. “Não é um problema exclusivo do Rio”. Ele acrescentou que os problemas na área da segurança estão sendo atendidos, “mas não somos diferentes de nenhuma capital de turismo do mundo”.