Após cumprir um ano de suspensão por doping, Anderson Silva volta ao octógono neste sábado. Em Londres, o brasileiro encara o Michael Bisping "preparado para lutar os cinco rounds e vencer". Em entrevista exclusiva ao O Estado de S. Paulo, Spider nega que sua imagem tenha ficado arranhada pela punição e vê os dois últimos anos como um período de transformação em sua vida. Aos 40 anos, ele ainda não faz planos de encerrar a carreira e promete continuar lutando no UFC enquanto tiver condições físicas e psicológicas.
Você passou recentemente por momentos conturbados na carreira, como a perda do cinturão, grave lesão e o caso de doping. Como acha que enfrentou cada um deles?
Tudo foi um grande aprendizado. Ter sempre a cabeça aberta para aprender com os erros e a resolver de forma madura foi o que aconteceu comigo.
Para você, esses dois últimos anos foram mais difíceis do que qualquer luta?
Foram anos de renovação. Lógico que ninguém gosta de perder, todo mundo gosta de vencer na vida, mas faz parte perder, errar e acertar. Isso fez parte da minha transformação para que eu me torne uma pessoa melhor também.
Você admitiu o uso de estimulante sexual. Como se sentiu ao precisar expor esse fato particular?
Foi uma coisa muito natural, na verdade eu não consegui provar para a Comissão (Atlética de Nevada) que eu estava falando a verdade. Mas isso é página virada na minha vida.
E como sua mulher lidou com isso?
Tenho uma família ótima, não tem muito o que falar sobre isso.
O que mudou no Anderson depois disso tudo?
Estou mais experiente. Meu foco é principalmente minha família, quero me dedicar 100% para ela e fazer os projetos pessoais.
Em algum momento achou que era hora de parar?
Ainda não. Amo o que eu faço e gosto de lutar. Enquanto tiver condições físicas e psicológicas, vou continuar lutando. Eu amo fazer isso.
Por isso vale a pena voltar ao octógono aos 40 anos?
A idade não tem muito a ver, tem mais a ver com sua cabeça e sua condição física.
Quantas lutas pretende ainda fazer no UFC?
Não sei, vou aguardar, esperar para ver. Meu foco agora é essa luta, vou esperar o resultado dela e ver o que vai acontecer nas próximas.
Tem alguma luta em especial que gostaria de fazer? Talvez uma revanche contra o Weidman...
Não, não tem nenhuma luta em especial.
Na época do doping, você pediu desculpas para os brasileiros. Acha que decepcionou o público? A luta contra o Bisping será uma forma de recuperar sua imagem?
Eu pedi desculpas, claro, por todos os fatos que aconteceram, mas a coisa ficou mal resolvida. Não consegui expressar o que realmente tinha acontecido, mas é um fato que já passou, agora é pensar no futuro, pensar nas próximas lutas. Meu foco agora é a luta com o Bisping.
Acha que sua imagem ficou arranhada pelo que aconteceu?
Acho que não. Cada um tem um opinião, as pessoas expressam suas próprias opiniões, tem pessoas que gostam de mim e tem pessoas que não gostam, não posso agradar a todo mundo.
Uma vitória contra o Bisping será sua redenção?
A luta com ele é uma grande luta, estou feliz de poder voltar a lutar e poder fazer o meu trabalho bem feito.
O Bisping te ofendeu no encontro entre vocês. Você achava que seria assim? Acha que ele está tentando te desestabilizar?
Não vejo como uma maneira de tentar me desestabilizar porque eu já faço isso há muito tempo. As provocações são normais, cada um tem uma maneira de se promover, cada um age da maneira que acha melhor.
Esse tipo de provocação faz alguma diferença na luta?
Não, na luta as suas ações são mais físicas do que faladas, acho que não tem muito o que fazer. Não me abala.
O que dá para dizer do Bisping como lutador? Qual deve ser a estratégia dele para a luta de vocês?
Não sei qual vai ser a estratégia dele, mas ele é um grande lutador.
Você já definiu a sua estratégia?
Não tem como falar, não tem como definir uma estratégia porque vai ser de acordo com o desenrolar da luta. Não tem como eu falar que vou fazer isso ou aquilo. A luta vai dar o ritmo, vai dar a estratégia para o decorrer da luta.
Você pensa em tentar terminar com ela o mais rápido possível?
O que todos atletas e todos os lutadores querem é que acabe rápido. Pode ser que aconteça, pode ser que não. Estou preparado para lutar os cinco rounds, estou preparado para vencer.
Sua família sempre o acompanha nas lutas. Como eles estão te ajudando para o UFC em Londres?
Tenho o apoio de toda família, dos amigos, de todos os treinadores. Está bem legal, bem bacana, está todo mundo super confiante com a vitória.
Antes você falava que não pensava mais em cinturão. O que mudou para cogitar retomar o título?
Nada mudou. É uma competição, e sou competitivo como todos os outros atletas. Enquanto estiver lutando e houver a oportunidade, se me credenciar de novo para lutar pelo cinturão, vou fazer.