A Agência Mundial Antidoping (Wada) cogita deixar de punir atletas que foram flagrados por uso de meldonium, substância proibida desde o início do ano, o que abre a possibilidade para a tenista russa Maria Sharapova escapar de suspensão.
Na verdade, a ex-número um do mundo já foi suspensa preventivamente a partir do dia 12 de março, mas a decisão final sobre sua punição ainda não foi tomada pela Federação Internacional de Tênis (ITF).
Desde o início do ano, 172 atletas de várias modalidades testaram positivo para o meldonium, informou o presidente da Wada, Craig Reedie.
O medicamento é usado para o tratamento de diabetes e a prevenção de doenças cardíacas, mas também ajuda a melhorar o desempenho esportivo, por favorecer a circulação do sangue.
Sharapova e outros atletas alegaram que continuavam tomando meldonium por não ter tomado conhecimento da proibição, que entrou em vigor no dia 1º de janeiro.
A Wada explicou nesta quarta-feira que "faltam hoje em dia informações científicas claras sobre o tempo de eliminação" da substância pelo corpo humano.
Desta forma, a entidade deixa em aberto a possibilidade de uma comissão de apelação considerar que "um atleta pode não ter imaginado que o meldonium ainda estaria presente no organismo" além do dia 1º de janeiro ao tomar o medicamento antes dessa data.
"Nessas condições, a Wada considera que podem haver motivos para que nenhuma falha ou negligência" resulte em punição contra os atletas.
"O meldonium é uma substância que criou uma situação sem precedentes", completou a organização.
O ministério russo dos esportes, que havia confirmado no fim do mês passado 27 casos de atletas flagrados por uso desse produto, acolheu favoravelmente a decisão da Wada "de não sancionar imediatamente os atletas, para tentar entender melhor a situação".
Já o advogado de Sharapova, John Haggerty, criticou a forma com a qual a Wada lidou com o caso inicialmente.
"Levando em conta o fato de vários atletas terem testado positivo por terem tomado um produto que antes era autorizado, a Wada claramente não lidou corretamente com a situação no ano passado, e está tentando concertar as coisas agora", lamentou.