Entre uma cesta e outra, uma bandeja e um arremesso, uma pausa para amarrar o tênis. Um não, vários. Com uma imagem já consolidada no basquete de alto rendimento - disputou as últimas quatro finais do Campeonato Brasileiro Feminino, sendo campeão em 2013, com o Sport -, o técnico Roberto Dornelas está de volta às origens. Além de trabalhar na montagem do time da Uninassau para a próxima Liga Nacional, o treinador está dando aulas também em uma escolinha de basquete para meninas do projeto “Cestinhas do Futuro”, na quadra do Sesc de Santo Amaro, na Zona Central do Recife.
Como ele mesmo diz, é como voltar ao passado. O início da carreira de Dornelas ocorreu em 1978, quando foi chamado para dar aulas para a escolinha do colégio Maria Auxiliadora.
“Eu ainda estava na faculdade quando aceitei trabalhar com a escolinha. O Auxiliadora tinha ensino apenas para mulheres e estava começando a receber meninos, que ainda não tinham oportunidade para praticar um esporte no colégio. Então eu entrei, comecei a juntar esses meninos. Muitos levavam jeito e, como só tinha faculdade, a gente começou a fazer alguns treinos extras no período da tarde e começamos a montar um time, que começou a disputar partidas e ganhar também, com muitos deles chegando a seleção pernambucana. E é esse trabalho, que comecei a fazer no fim dos anos de 1970, que estou tentando resgatar agora”, declarou o treinador.
Dornelas havia parado de dar aulas quando deixou o Colégio Atual, na década de 1990. Mas algumas circunstâncias pediram que ele retornasse para as escolinhas do “Cestinhas do Futuro”. “Esse é um projeto que faço desde que treinava o Sport. Mas a crise econômica fez com que a verba do projeto caísse, até que ele fosse interrompido em novembro de 2016. Como não podia deixar isso parado, senti a necessidade de voltar a dar aula”, afirmou.
Voltado para crianças de 6 a 12 anos, o “Cestinhas do Futuro” tem um foco principalmente social. Totalmente gratuito, o projeto busca oferecer para as crianças de comunidades carentes uma oportunidade de praticar um esporte. As crianças também recebem um acompanhamento psicológico e escolar dentro do projeto. Além da sede no Santo Amaro, o projeto deve ganhar em breve mais duas sedes: uma no CT Esportivo da RD Esportes, localizada no Salesiano, e outra na zona Sul, na quadra do antigo Colégio Madre de Deus.
A experiência de voltar com as escolinhas tem sido bastante proveitosa para o treinador, mas a principal recompensa é justamente observar a felicidade das crianças com a descoberta do esporte. “Depois de um dia de trabalho aqui você sai mais leve, com uma criançada dessa. Eu paro treinamento várias vezes para amarrar sapato! (risos). Foi a melhor coisa voltar a trabalhar com criança e ver o rostinho delas depois de jogar basquete. Ver elas se desenvolvendo e buscando melhorar. Então isso me dá uma alegria muito grande”, disse Roberto Dornelas.