Depois de uma turbulenta quinta-feira, com greve de funcionários que não recebem salários há quatro meses e demissão do técnico Doriva, a sexta-feira foi mais calma no Arruda. Ontem, os trabalhadores corais se reuniram com o presidente Alírio Moraes e decidiram encerrar a paralisação. Em coletiva, o mandatário coral explicou como vai fazer para quitar as dívidas de elenco e administrativo.
Assumindo a culpa pelos atrasos, o presidente afirmou que faltou mais diálogo com os funcionários. Um dos motivos para os trabalhadores corais entrarem em greve foram as promessas não cumpridas, feitas pela gestão, para pagamento dos débitos.
“Eles foram muito sacrificados. Tem havido falhas na comunicação. O Santa Cruz só vai melhorar quando aumentarmos nossa capacidade de ouvir as pessoas. Eles precisavam de um encontro olho no olho. No fim, ficou muito claro que eles queriam ser ouvidos. Fizemos, ontem pela manhã, um encontro verdadeiro e de quem quer resolver as coisas”, disse.
Na reunião, foi criada uma comissão que terá linha direta para tratar dos problemas do administrativo com o mandatário. Além disso, na próxima semana, o clube vai apresentar um plano de pagamento para, além de liquidar os quatro meses de salários atrasados dos funcionários, planejar um 2017 com menos turbulências. “Não temos que discutir só os atrasados. De nada adianta pagar folhas atrasadas se, no mês que vem, os atrasos voltarem. Pedi a confiança deles e fui atendido”, ressaltou Alírio.
O mandatário coral também se mostrou decepcionado com o fato de, mesmo estando na Série A, o time não conseguir aumentar as receitas de forma satisfatória. “Depois de muitos anos, retornamos à elite do futebol brasileiro e recebemos clubes de tradição no futebol brasileiro no Arruda. Em várias partidas, cheguei a colocar ingressos a cinco reais, contrariando o próprio regulamento da CBF, que estipula 20 reais como valor mínimo na Série A. Mesmo assim, a torcida não veio. Longe de mim querer criticar quem sempre apoiou o clube, mas é fato que isso é uma das consequências para a escassez financeira”, frisou.
“Esse cenário de hoje (ontem) tem como justificativa uma quebra no planejamento financeiro, principalmente pela falta de receitas que a gente estimava conseguir com a volta para a Série A. Não conseguimos gerar receita num tamanho que pudesse chegar agora, no final do ano, com um cenário financeiro mais confortável”, complementou Alírio Moraes.
A única crítica do presidente sobre a paralisação dos funcionários foi da forma como foi feita. Para ele, apesar de legítima, a greve poderia complicar ainda mais o clube perante a opinião pública. “Não se trata de impor ou nega a legitimidade de reclamarem. A mobilização poderia confundir e afastar investidores. Ao invés de ajudar no recebimento desses salários, talvez até atrapalhasse mais”, finalizou.