A péssima campanha do Santa Cruz no Campeonato Brasileiro não conseguiu ofuscar o brilho de Keno. O atacante, de 27 anos, repetiu as boas atuações do Nordestão e do Estadual e se transformou no maior destaque do Tricolor na temporada. Tanto que seu nome vem sendo especulado em diversas equipes do Sul e Sudeste. Em entrevista ao Sistema Jornal do Commercio de Comunicação, Keno fez uma análise de 2017, que ele mesmo definiu como melhor ano da sua carreira.
Ano passado não tive tantas oportunidades no Atlas-MEX e na Ponte Preta. No momento que estava em má fase, vim pra cá. A direção, com Tininho (Constantino Júnior, vice-presidente) e Alírio (Moraes, presidente) deram a maior força, dizendo que eu ia dar a volta por cima. Graças a Deus, consegui fazer aqui no Santa Cruz o maior ano da minha carreira.
Esperava ajudar a equipe a fazer gols. O mais importante era a manutenção na Série A, mas algumas coisas aconteceram e não conseguimos nos manter (o Santa tem remotas chances de escapar da queda). Sobre a minha parte, fico muito feliz de estar fazendo gols e ajudando a equipe. Nove gols no Brasileiro é muita coisa, ainda mais com a situação ruim do nosso time. Fico muito feliz.
A gente sabe que o Campeonato Brasileiro é muito disputado, fico triste pela situação do Santa Cruz, um clube que me abraçou e me levantou. Série A tem que ter um elenco muito forte, tínhamos um grupo muito bom, mesmo com as derrotas, a gente não deixava se abalar. Jogava bem, mas o resultado não vinha. Não adianta jogar bem e não ganhar. Tenho muito carinho por essa torcida e pelos diretores. Agora é levantar a cabeça, fazer um 2017 melhor que esse ano.
Se fosse pra trocar, a gente trocaria o Pernambucano para se manter na Série A. A gente sabe que a Série A é difícil. Para subir também não é fácil. O Santa Cruz fez uma Série B muito boa. A gente começou bem no Brasileiro, mas sabia que lá na frente poderia ter uma queda, e tivemos uma queda muito feia. Ficamos oito ou nove jogos sem ganhar, e não se pode ficar sem ganhar na Série A esse tempo todo.
Não atrapalharam. Se atrapalhasse, a gente fazia greve. O nosso grupo estava fechado. A gente trabalhava e deixava na mão da diretoria resolver. Não pensávamos em nenhum momento em parar, porque eles estavam resolvendo sobre dinheiro. Tiveram coisas que prenderam o dinheiro (bloqueios judiciais), a gente sabia das coisas que estavam erradas, mas a gente tem que trabalhar. Sem isso, não podemos almejar o que a gente quer.
Nossa queda. A gente sabe que é difícil subir num ano e descer no outro. Bater e voltar. Tristeza do nosso grupo, dos familiares também, que dão conselhos pra gente. Agora tem que arrumar. Ver os erros pra consertar para não acontecer novamente. Tem que levantar a cabeça e chegar com tudo em 2017.
Ele fala bastante comigo. Quando cheguei aqui, as pessoas falaram que era uma boa pessoa. Fui conhecendo ele e hoje o acho um cara sem comentários. Ele tem 36 anos e até hoje está correndo e lutando, com 10 gols no campeonato. Ele me deu a maior força. Pediu pra eu chutar mais a gol. Disse que tenho habilidade e arranque, mas tenho que finalizar mais. Conselho dele vou levar a vida toda.
Sonho em estar na seleção do campeonato. É um algo a mais para a minha carreira. Fazer gols e dar assistências também é uma meta. Espero também deixar Arthur, Grafite ou quem estiver jogando na frente na cara do gol. Não tenho essa agonia de fazer gol para lutar pela artilharia. Como Grafite está com 10, posso também ajudar ele a chegar aos 13, 14.
Com a saída (Atlas-MEX) eu fiquei mais maduro, tive que disputar uma Libertadores, tive muitos conselhos de amigos e empresários. De lá para cá, tive que ouvir e botar a cabeça no lugar para acontecer o que aconteceu comigo nesse ano. Fui um dos melhores jogadores do Santa Cruz, a equipe vem me ajudando.
Só tenho que agradecer a torcida e ao grupo que me abraçou. Não tenho nada definido com ninguém (a imprensa nacional já cravou o acerto com o Palmeiras). Em 2017, só Deus sabe o que vai acontecer. Tenho contrato até o final do ano. Pela torcida, diretoria e meus amigos, todo mundo que me abraçou e me levantou, tenho muito a agradecer. Sei que posso voltar aqui e ser muito feliz novamente. Ano que vem é outro patamar. Pretendo fazer gols, aqui ou em outro lugar. Pra onde for ou se eu ficar, tentar ajudar a equipe. Pra onde for, vou ser o mesmo. Tenho certeza que por essa torcida e essa diretoria, vão arrumar esse grupo novamente e o Santa Cruz vai voltar ano que vem para a Série A.