Oficialmente, o Brasileirão 2018 encerrou no último domingo. Porém, fora dos gramados, o campeonato ganhou uma extensão graças ao caso do lateral Ernandes, do Goiás, denunciado como alteração de registro de identidade. A Ponte Preta, quinta colocada na Série B deste ano, por sua vez, afirma que o clube esmeraldino é responsável por atuar com o atleta de forma irregular e anuncia que irá pleitear um possível direito ao acesso na Justiça. Ou no 'tapetão', como são chamados popularmente os casos do tipo.
"A Ponte entende que o Goiás tem responsabilidade nessa situação. Seria um salvo conduto para eles. Até acho que realmente não sabiam, mas existe a responsabilidade. A decisão da diretoria é aguardar até quarta-feira para ver se a Procuradoria vai oferecer a denúncia. Se eles oferecerem, vamos acompanhar como terceira interessada. Caso não, vamos tomar nosso caminho e oferecer a denúncia por conta própria", apontou o diretor jurídico do clube, Giuliano Guerreiro, em entrevista coletiva concedida esta manhã.
Para o advogado do clube, João Felipe Artioli, o caso seria inédito na esfera jurídica desportiva brasileira e, portanto, cabe uma nova interpretação das instâncias superiores.
"Tem um artigo que fala da responsabilidade objetiva dos clubes, que é o que o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) tem levado em conta em algumas situações. Não há um caso similar, e seria um divisor de águas no futebol. A interpretação que fizemos depois de analisar todos os regulamentos e também das decisões do STJD e também de TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) de estados é que o registro, se o documento está errado, se realmente foi falsificado, está viciado desde o início", justifica o advogado.
Caso o STJD dê ouvidos à queixa da Ponte Preta e acate a denúncia, com posterior punição ao Goiás com perda de pontos, o Sport pode ser beneficiado, uma vez em que o lateral Ernandes também atuou pelo Ceará, na partida de estreia do Brasileirão 2018, contra o Santos. Assim, se o alvinegro perder os pontos, o Leão escaparia do rebaixamento - foi 17º com 42 pontos contra 44 dos cearenses, que terminaram em 15º.
Segundo alega a Ponte Preta, o STJD pode entender Goiás e Ceará como culpados por mandar a campo um jogador com registro adulterado (Ernandes apresenta dois documentos de identificação com datas de nascimento divergentes, segundo atesta o repórter Pedro Orioli, da Rádio Central de Campinas).