Uma das modalidades mais afetadas pela crise financeira no Sport é o futebol feminino. Essa dificuldade ficou escancarada mais uma vez no último sábado (13/7), quando a meia-atacante Sofia Sena fez um desabafo após a derrota por 9x0 para o Santos.
Ao sair de campo, Sena admitiu a consciência de que as comandadas de Emily Lima são superiores. O motivo é simples: as Sereias da Vila treinam diariamente, enquanto as Leoas trabalham três vezes por semana.
“Elas convivem mais com a bola e a gente mal toca na bola. O que falta mesmo para o Sport é foco do clube em nós. Que é uma dificuldade tremenda para isso poder acontecer. Não tem prioridade para o feminino. Se vira do jeito que pode, tem um horário, uma professora para ensinar vocês, tem uma bola e se vira. O resto a gente resolve. Eu acho que isso não ganha jogo. A gente pode ter raça, pode ter vontade, pode ter amor, mas com certeza isso não vai ganhar jogo”, disse.
De acordo com a coordenadora de futebol feminino rubro-negra Nira Ricardo, os treinos são realizados de acordo com a tabela de jogos. Quando estão sem partidas, os treinos acontecem nos dias de terça, quinta e sexta-feira. Quando há compromisso, as atividades são mais frequentes. O time feminino do Sport utiliza o campo auxiliar da Ilha do Retiro, para que seja mais central para as jogadoras que moram longe.
Nira afirmou que Sofia Sena a procurou depois da entrevista, quando estavam no ônibus de Santos para o Aeroporto de Congonhas, e disse que a jogadora foi infeliz na declaração. “Na entrevista, ela emendou e ficou parecendo que era o Sport que faz a logística. É uma assessoria que faz. Ficou muito apertada, jogou ontem (sábado) e voltou à noite. Pegou ela desprevenida”, explicou.
A coordenadora aproveitou também para explicar a montagem do time. Nira reforçou que deixou as atletas cientes da situação do clube e que elas não eram obrigadas a aceitar. A esperança por dias melhores vem de uma promessa do presidente Milton Bivar. “O presidente prometeu que melhorando, todo mundo depende do futebol profissional, que ele indo bem, vai bem o clube todo. Quando conversamos sobre o time, falei que era caseiro e em cima da hora e ia apanhar, ele disse que quando melhorasse, melhorava o feminino”, completou.
Ao comentar o caso, o presidente Milton Bivar lembrou que o clube contava com um elenco em que a maioria das jogadoras não eram do Nordeste, o que fazia com que a folha subisse. Com as finanças apertaram, recorreram a um time local. O mandatário enxerga a equipe como um time em formação. Ele garante, porém, que o Sport voltará a investir no futebol feminino quando a questão do dinheiro melhorar.
“O Sport está em um processo de renovação e também de formação de equipe, porque é isso que o Brasil precisa para melhorar o futebol feminino. É ter coragem de pegar garotas jovens e botar para jogar para que a gente possa começar a revelar e aumentar o número de jogadoras. Meu modo de ver, ainda são muito poucas mulheres praticando o esporte”, analisou.
O objetivo dele é encontrar talentos. “Vamos melhorar sem perder a filosofia de investir. O que penso em termos de melhora é trazer poucas de fora, eu quero revelar garotas. Requer coragem e mantém a filosofia para revelar jogadoras”, concluiu.