Cuidado com as armas caseiras contra a dengue

Especialista indica o que é certo e errado na hora de evitar picadas
Do JC Online
Publicado em 26/04/2015 às 5:17
Foto: Foto: André Nery/JC Imagem


Na guerra diária contra a dengue, a população se vira como pode. O ideal é eliminar os criadouros. Mas como nem sempre consegue-se evitar em 100% o convívio com o Aedes aegypti, a terceira matéria da série Você tem que se cuidar aponta as  barreiras mais eficazes que podem ser usadas em complemento ao combate às larvas.

Na residência de Adriana Rodrigues da Silva, no Arruda, Zona Norte do Recife, a arma para espantar mosquitos da dengue faz vento. Ela se protege com quatro ventiladores: um para a dona de casa e o marido, outro para a filha, mais um reservado ao neto e um reforço na sala. Na de Edivaldo Soares, na Encruzilhada, na mesma região, a opção é igual, associada a repelentes e inseticidas.

O velho mosquiteiro está quase aposentado. Famílias só fazem uso dele quando têm crianças pequenas. Há uma ou outra exceção. Ar-condicionado, para quem pode pagar pela conta alta de energia elétrica, também tem sido ligado nesses meses de nova epidemia, com mais de cinco mil doentes na capital e quatro vírus circulando. A bióloga especialista em insetos Leda Regis, pesquisadora aposentada do Centro Aggeu Magalhães (CPqAM), unidade da Fundação Oswaldo Cruz em Pernambuco, conhece bem o Aedes aegypti e defende que a população não deve ficar inerte diante das picadas. E são muitas. A especialista lembra que a fêmea do Aedes alimenta-se quase diariamente, ao contrário da muriçoca da filariose Culex, que pica os humanos em intervalo de três a quatro dias. “O fato de viver num País tropical não significa que o povo deva aceitar, sem reação, as picadas de mosquitos”, observa. Mas ela alerta para armas pouco eficazes ou que trazem prejuízos à saúde humana.

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Não deixe balde com água descoberto. Vede com um véu ou pano. Quando dispensar a água, escove o vaso - Foto: André Nery/JC Imagem
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A bandeja externa da geladeira pode acumular água e se tornar criadouro. Faça vistoria toda semana - Foto: André Nery/JC Imagem
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Bromélias e outras plantas podem reter água. Drene o jardim com cuidado - Foto: André Nery/JC Imagem
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Troque a água dos vasos de plantas por areia - Foto: André Nery/JC Imagem
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Não deixe a água ficar acumulada em canaletas e calhas. Mantenha todas desobstruídas - Foto: André Nery/JC Imagem
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Mantenha o quintal e o jardim bem limpos. Copinhos e tampinhas podem juntar água - Foto: André Nery/JC Imagem
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O bebedeouro de animais também precisa ser lavado com esponja, água e sabão - Foto: André Nery/JC Imagem
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No banheiro de serviço, ralos devem ficar fechados e não deixe água no balcão da pia - Foto: André Nery/JC Imagem

 

O produto mais questionado é o inseticida químico. Aparentemente prático, pois já vem prontinho para aplicação, na forma de aerossol ou de pastilhas associadas a tomadas elétricas, “pode causar reações alérgicas a problemas mais sérios, neurológicos”, explica Leda, lembrando recente manifestação pública do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Além do mais influenciaria na resistência dos mosquitos. Deve ser evitado. 

Para Leda, o uso diário de raquetes, no início da manhã e no fim da tarde, ajuda a matar os mosquitos alados (na forma adulta), diminuindo a exposição a eles e proliferação dos mesmos (uma Aedes pode gerar durante a sua vida de dois meses mil filhotes). Destaca que a arma deve ser sempre associada às medidas obrigatórias de eliminação dos criadouros, como vedar reservatórios d’água e ralos, com telas.

Outra barreira defendida pela pesquisadora é o uso de calças, meias e camisas de manga longa quando possível, assim como o mosquiteiro, sobretudo para isolar o doente. “Na pessoa com dengue, o vírus permanece por cinco dias na corrente sanguínea. O mosquito pica o doente e acaba transmitindo a enfermidade a outras pessoas da casa. No Aedes, o vírus dura a vida toda e é transmitido aos filhotes, que já nascem infectados, ocorre a transmissão transovariana”, esclarece.

A coordenadora do Programa de Combate à Dengue em Pernambuco, Claudenice Pontes, lembra que o mais importante mesmo é evitar os criadouros. O último Levantamento de Índice Rápido de Infestação (Lira) mostrou áreas do Estado com até 30% dos imóveis infestados, justamente as que sofrem com a seca e precisa armazenar água. O risco de epidemia só está eliminado quando menos de 1% dos domicílios tem foco do Aedes aegypti. De janeiro até agora Pernambuco registrou 22.324 doentes, ultrapassou o total de todo o ano passado, quando 17.351 pessoas adoeceram.

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