Exposição com peças recicladas deixam o Aeroporto do Recife em clima de Carnaval

Os bonecos, que personificam ícones da festa, têm cerca de dois metros de altura. As maiores, como o rei e a rainha do maracatu, chegam a pesar 35 quilos
Do JC Online
Publicado em 07/02/2015 às 7:00
Os bonecos, que personificam ícones da festa, têm cerca de dois metros de altura. As maiores, como o rei e a rainha do maracatu, chegam a pesar 35 quilos Foto: Helia Scheppa


Metais em movimento no ritmo do frevo, do caboclinho e do maracatu. Essa é a sensação de quem visita as obras do artista plástico Clélio Freitas, 67 anos, no Espaço Cultural do Aeroporto Internacional dos Guararapes/Gilberto Freyre, no Recife. A exposição “Carnaval em Retraços” é gratuita e segue até 15 de fevereiro, com 13 peças confeccionadas a partir de pedaços de alumínio e de barras de ferro. São figuras como o rei e a rainha do maracatu, passistas de frevo e caboclos de lança, que encantam e já deixa no clima da folia quem passa pelo lugar.

A matéria-prima, na maioria das obras, é retirada de lixo ou proveniente de metalúrgicas locais. "A dureza do metal aqui é transformada em uma composição em movimento", destaca o Clélio, que há 15 anos se dedica ao ofício de transformar o que era lixo em arte. Acostumado a produzir principalmente golfinhos, tubarões e tartarugas, voltados para o comércio na ilha de Fernando de Noronha, ele conta que a ideia para “Carnaval em Retraços” surgiu do seu amor pelas tradições da folia do Momo produzida em Pernambuco. 

Os bonecos, que personificam ícones da festa, têm cerca de dois metros de altura. As maiores, como o rei e a rainha do maracatu, chegam a pesar 35 quilos. Perguntado sobre a possibilidade de vender uma delas, o artista sofre só em pensar na possibilidade, mas confessa que precisa se acostumar com a ideia de se despedir dessas duas peças que dão as boas vindas a quem chega na exposição. 

“Eu falo que são meus filhos em ferro e alumínio. Há quatro anos recebi uma proposta pela rainha do maracatu e vendi. Mas fiquei tão triste que acabei conversando com o comprador. Ele aceitou desfazer o negocio”, lembra ele, destacando que só as 13 obras dessa exposição consumiram dois anos e três meses de trabalho. 

No processo entra todo tipo de metal reciclado. O observador mais atento, vai reparar uma série de objetos que individualmente são sem graça, mas que ganham vida nas mãos do artista. Como coroas de motos, catracas de bicicleta, moedas antigas, correias industriais, ferraduras, tubos de serpentinas, parafusos e restos de chapas de metal.

O técnico em manutenção, João Valença, 30, se impressionou com as obras e destacou a mensagem ambiental que o trabalho de Clélio inspira. “De longe você nem nota os detalhes, mas quando chega perto percebe que foi tudo feito com material reciclado, tudo em metal, o que torna ainda mais impressionante”, afirmou, antes de completar: “É a nossa tradição sendo contada de forma ecologicamente correta.”

O atelier de Clélio funciona em Olinda, no bairro de Jardim Brasil, rua Bahia, numero 57. O local é aberto para visitação pública de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h.

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