O Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro ocupou nesta terça-feira (16) a favela do Jacarezinho, na zona norte da cidade. Desde a última segunda-feira (14), quando começou o processo de pacificação dos complexos de Manguinhos e do Jacarezinho, a comunidade era policiada por agentes da Polícia Civil.
Os policiais entraram na favela por volta das 7h, em uma operação tranquila, que não alterou a rotina dos moradores. As escolas funcionaram normalmente, assim como o comércio da região. O Bope foi apoiado por dois helicópteros e pelo Batalhão de Operações com Cães, que procuravam por armas e drogas. Uma motocicleta roubada, além de um volume de maconha e cocaína ainda não contabilizado foi apreendido em uma localidade conhecida como Rua da Feira.
Após a tomada da área, os policiais se reuniram em uma parte da favela chamada de Azul, onde ficará a base do Bope. No local, serão hasteadas as bandeiras do Brasil e do Rio de Janeiro, ação que tem o objetivo de simbolizar a reconquista de um território pelas forças de segurança no processo de pacificação. A Secretaria Estadual de Segurança Pública espera que, até janeiro do ano que vem, duas unidades de polícia pacificadora (UPPs) sejam instaladas na região, uma em Manguinhos e a outra no Jacarezinho.
No entanto, com medo de represália de chefes do tráfico na região, muitos moradores preferiram não comentar a ação da polícia.
De acordo com o major Ivan Blaz, inicialmente, a polícia precisa de ajuda da população para avançar com rapidez e segurança no trabalho de busca de armas e criminosos escondidos na comunidade. “Sem apoio da comunidade, não há a menor possibilidade de vencer a guerra ao crime. Aqui [Jacarezinho] em especial, estamos tratando de uma realidade que beneficia diretamente a população”, disse ele.
Na manhã de hoje, a Secretaria Municipal de Assistência Social fez uma operação para retirada de usuários de crack no entorno do Jacarezinho. A ação terminou com 18 adultos acolhidos pelos assistentes sociais da prefeitura. Desde o início da pacificação nas duas comunidades, 71 pessoas foram acolhidas.
Segundo a coordenadora da operação, a assistente social Daphne Braga, mesmo com muitas ações, alguns usuários voltaram para a cracolândia do Jacarezinho, uma das maiores da cidade. “O vínculo do usuário de crack com a rua é muito grande e, se ele tem uma proximidade muito grande com um local de onde foi acolhido, acaba voltando. Se tem familia, é ainda maior essa chance”, disse Daphne.
A entrada da polícia nas comunidades facilitou também o trabalho da Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb) que, desde domingo, retirou das duas áreas ocupadas 220 toneladas de lixo.