Ao assinar acordo com trabalhadores da educação de Minas Gerais para o pagamento do piso nacional até 2017, nesta sexta-feira (15), o governador Fernando Pimentel (PT) fez críticas aos Estados em que a categoria ainda está em greve e disse que "construiu consenso" para evitar paralisação.
Ele classificou de "espetáculos lamentáveis" a repressão a protestos da categoria em outros Estados -uma referência indireta à gestão do tucano Beto Richa (PSDB), do Paraná, onde uma ação policial deixou quase 200 feridos.
"Ao contrário de outros Estados, onde nós estamos assistindo até espetáculos lamentáveis de agressão aos professores, em Minas nós construímos o diálogo, o consenso", disse após a cerimônia.
"Em Minas Gerais, os professores são tratados com respeito, com dignidade, como deve ser com todas as categorias profissionais."
Atualmente, a categoria está em greve em cinco Estados, quatro deles governados pelo PSDB -São Paulo, Goiás, Pará e Paraná- e um pelo PSD, Santa Catarina. Em Minas, o sindicato dos trabalhadores de educação é filiado à CUT, braço sindical ligado ao PT, e comandou greves nas gestões dos tucanos Aécio Neves e Antonio Anastasia.
A presidente da entidade, Beatriz Cerqueira, afirma que as outras gestões descumpriram os acordos que firmaram com a categoria. "Infelizmente, os governos anteriores tiveram a chance de valorizar a educação e cumprirem aquilo que foi acordado. Os dois documentos foram descumpridos", afirmou.
O governo estima que o acordo custará R$ 13 bilhões aos cofres públicos -que, segundo Pimentel, será equilibrado cortando custeio e "discrepâncias e erros" na folha de pagamento.
Em crise, o governo teve de reduzir a previsão orçamentária dois meses depois de assumir e comunicou à Assembleia que dependerá de empréstimos para fazer investimentos.
"A projeção é de R$ 13 bilhões. Mas esse impacto a gente [ainda] não pode dimensionar porque já está no acordo que, havendo alteração no piso nacional, nós teremos reajuste", afirmou a secretária de Educação, Macaé Evaristo.
Na cerimônia desta sexta, o microfone foi retirado logo após a fala de Pimentel, o que provocou reclamações dos sindicalistas. Antes do acordo, a categoria havia protestado contra o governador na cerimônia do dia de Tiradentes, em Ouro Preto.
No documento assinado entre as partes, fiou acordado um reajuste de 31,78% a ser pago em dois anos para professores de educação básica, descongelamento das promoções nas carreiras dos docentes e outros benefícios. O projeto foi enviado à Assembleia Legislativa.