Sindicatos de servidores das universidades federais pelo país afirmam que irão seguir a orientação da federação nacional da categoria e deverão boicotar as matrículas do Sisu (Sistema de Seleção Unificada), a partir da próxima sexta-feira (19).
O sistema do Ministério da Educação é usado por instituições públicas de ensino superior para oferecer vagas a estudantes que fizeram o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em 2014.
Disseram que não farão as matrículas a coordenação de greve das universidades federais do Rio Grande do Sul, Paraná, Minas e Pernambuco. O movimento também vai atingir, no Rio, as quatro universidades federais: UFRJ, UFF, Unirio (federal do Estado) e UFRRJ (federal rural). Só na UFRJ, uma das maiores do país, 3.731 alunos serão afetados.
Segundo os servidores, em greve desde maio, o objetivo é pressionar o governo federal a formular uma contraproposta às demandas deles.
Os funcionários afirmam que não vão participar do processo de inscrição presencial, que acontece após uma etapa on-line, previsto para os dias 19, 22 e 23.
"Mantivemos os serviços que consideramos essenciais, como nas áreas de saúde e os laboratórios que usam animais. Os demais são discutíveis. O boicote à inscrição no Sisu não traz um dano para o aluno, traz um atraso", diz o coordenador-geral do Sintufrj (sindicato dos trabalhadores da UFRJ) Francisco de Assis.
A reitoria da UFRJ informou que não vai se posicionar sobre o boicote por ora.
Na UFF, apesar de o Sintuff (sindicato dos trabalhadores na UFF) prever o boicote, a universidade diz ter uma equipe responsável pronta para realizar as inscrições.
Procurada, a Unirio informou que o boicote não impedirá o processo de inscrição, pois ele é de responsabilidade dos professores, que não aderiram à greve, segundo a universidade.
A UFRRJ não se pronunciou nesta quarta (17).
A reitoria da Federal de Minas informou que a matrícula continua prevista para sexta-feira e que acompanha os desdobramentos da greve.
O boicote foi recomendado a todas as universidades federais em greve no país pelo Comando Nacional de Greve da Fasubra-Sindical (Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras). As quatro cariocas decidiram seguir a recomendação em assembleias locais na última terça (16).
A categoria reivindica reajuste de 27,3% no piso salarial, é contra os cortes no orçamento das universidades e a terceirização de serviços como limpeza e segurança.
Na UFRJ, os grevistas pedem também jornadas contínuas de 30 horas, a ampliação da participação de técnicos nos conselhos superiores e a criação de cursos de capacitação para os técnicos.
O MEC informou que "ao participarem do Sisu, as instituições têm que assegurar o direito do estudante à matrícula. Ou seja, o estudante não pode ser prejudicado".
Segundo o ministério, situação semelhante ocorrida em edição anterior foi resolvida pela UFRJ com matrícula on-line dos estudantes selecionados, com comprovação documental posterior.
"Cabe lembrar ainda que a lei determina que 30% dos funcionários têm que trabalhar durante a greve. A instituição precisa garantir isso", diz a pasta.