ONU e Brasil lançam Década Internacional de Afrodescendentes

Objetivo é promover o respeito, a proteção, os direitos humanos e liberdades fundamentais dos povos afrodescendentes
Da ABr
Publicado em 22/07/2015 às 7:28
Objetivo é promover o respeito, a proteção, os direitos humanos e liberdades fundamentais dos povos afrodescendentes Foto: Foto: Valter Campanto/Agência Brasil


A Organização das Nações Unidas (ONU) e o governo brasileiro lançam nesta quinta-feira (22) oficialmente no Brasil a Década Internacional de Afrodescendentes, que se estende até 2024. O lançamento ocorre na abertura do Festival da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha (Latinidades), em Brasília.

A década consta na Resolução 68/237 da Assembleia Geral da ONU. De acordo com a organização, o objetivo é promover o respeito, a proteção, os direitos humanos e liberdades fundamentais dos povos afrodescendentes, como reconhecidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

O lançamento será feito pela ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, Nilma Lino Gomes, e pelo e coordenador residente do Sistema das Nações Unidas do Brasil, Jorge Chediek.

O festival é o maior de mulheres negras da América Latina. Foi criado em 2008 para comemorar o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho. Neste ano, o tema é Cinema Negro.

Uma pesquisa do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro mostra que as mulheres negras são minoria no cinema nacional. Entre 2002 e 2012, representaram 4% das atrizes dos 218 filmes nacionais campeões de bilheteria. Nenhum deles teve mulheres negras na direção ou no roteiro.

Em artigo publicado na página do Latinidades, a antropóloga Paula Balduino de Melo cita como exemplos de mulheres negras no cinema Camila Pitanga em Caramuru: A Invenção do Brasil? e Taís Araújo, com a Cida em Filhas do Vento. "Mas, se formos parar para pensar mais profundamente, é difícil elencar muitas personagens negras", diz. "E muitas vezes as personagens negras desempenham papeis secundários nos filmes que assistimos", acrescenta.

Para divulgar o evento foi feito um anúncio que oferecia uma vaga para uma atriz negra para o papel de empregada. Quando a interessada ligava ouvia a seguinte gravação: ”Alô, o anúncio que você ouviu é fictício e faz parte da campanha do Festival Latinidades. Se você teve interesse pelo papel, gostaríamos de te convidar para o festival, um evento que vai discutir o papel da mulher negra no cinema e na sociedade. Se você achou isso um absurdo, junte-se a nós“.

“A gente fez uma campanha para justamente trabalhar a representação social das mulheres negras e da forma como somos hegemonicamente no cinema, que é como empregadas ou escravas. A ideia foi trabalhar a partir dessa imagem para questioná-la”, diz a coordenadora de atividades formativas do festival, Bruna Pereira.

Entre os participantes do Latinidades estão as cantoras Elza Soares, Tássia Reis e Folakemi, a professora da Universidade de Drexel, nos Estados Unidos, Yaba Blay; a premiada roteirista de televisão, teatro e cinema, além de produtora executiva de aclamadas séries televisivas, a norte-americana Kathleen McGhee Anderson, e a companhia teatral Os Crespos.

A programação do festival está disponível no site www.afrolatinas.com.br.

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