O diretor-presidente da mineradora Samarco, Ricardo Vescovi, foi afastado do cargo conforme comunicado divulgado pela empresa. A decisão foi tomada nesta quarta-feira (20), pelo conselho de administração da companhia. O afastamento foi a pedido, segundo o comunicado. A informação foi antecipada pela coluna Direto da Fonte, do jornal O Estado de S.Paulo.
Também foi afastado o diretor de Operações Kleber Terra. Segundo o comunicado, "após concluídas as primeiras etapas de atendimento emergencial ao acidente, os executivos acreditam que o licenciamento temporário é importante para que possam se dedicar às suas defesas". A Samarco é investigada pela Polícia Federal, Polícia Civil, Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual.
A empresa disse ainda que o cargo de Vescovi será assumido interinamente pelo atual diretor comercial, Roberto Carvalho. O de Terra ficará com o diretor de Projetos e Ecoeficiência, Maury de Souza Junior, que passa a acumular as duas funções.
Na quarta-feira (13), Vescovi, Terra e outros seis profissionais foram indiciados pela Polícia Federal por crime ambiental pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana. Dezessete pessoas morreram na tragédia. Duas ainda estão desaparecidas. A lama destruiu o distrito de Bento Rodrigues e atingiu o Rio Doce, destruindo flora e fauna.
À época a Polícia Federal informou que os indiciamentos tinham como base ponto da legislação ambiental que fala sobre "causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora". A pena vai de seis meses a um ano de prisão e multa. Em nota, também à época, a Samarco disse que não concordava com os indiciamentos por não haver conclusão sobre a perícia da barragem que ruiu.
Em uma de suas últimas atividades na empresa antes do afastamento, Vescovi participou nesta terça de reunião em Belo Horizonte com o advogado geral da União, Luis Inácio Adams, e representantes dos governos de Minas e o Espírito para discutir ação judicial no valor de R$ 20 bilhões movida contra a Samarco e suas controladoras, Vale e BHP Billiton. Na reunião ficou acertado que um total de R$ 2 bilhões que deveria ser depositado pela Samarco nesta quarta para início do plano de recuperação ambiental da região atingida pela lama poderá ser repassado somente daqui a 15 dias.