A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) estima um prejuízo de R$ 23,2 milhões nas 195 propriedades rurais mineiras atingidas pela lama de rejeitos de mineração da barragem de Fundão, que rompeu no dia 5 de novembro em Mariana (MG). Os dados fazem parte de um estudo divulgado nesta terça-feira (16) pela Emater.
O levantamento foi feito a partir de visitas técnicas entre novembro de 2015 e janeiro deste ano. Foram avaliados os impactos do desastre em 95% das propriedades rurais atingidas nos municípios mineiros de Barra Longa, Mariana, Ponte Nova e Rio Doce, onde moravam cerca de 295 pessoas. Do total, 97% das propriedades atingidas estão em Barra Longa e Mariana.
De acordo com o estudo, a área rural de Barra Longa foi a mais afetada, com 136 propriedades atingidas e prejuízo de R$ 15,3 milhões. Em seguida vem Mariana, com 52 propriedades e perdas de R$ 7,1 milhões, Rio Doce, com três propriedades e perdas de R$ 670 mil e Ponte Nova, com quatro propriedades e prejuízo de R$ 71 mil. Cerca de 25 propriedades da região ainda estão sendo catalogadas.
Segundo o presidente da Emater-MG, Amarildo Kalil, o estudo pode servir de referência para que proprietários rurais possam requerer possíveis indenizações da mineradora Samarco, responsável pelo acidente em Mariana.
A maior parte do impacto foi em áreas usadas para pastagem, capineiras, plantações de cana-de-açúcar, grãos e horticultura. Nesses locais, as perdas foram estimadas em R$ 15,6 milhões, relativas a 1.270,5 hectares de terras atingidas. Cada hectare corresponde, aproximadamente, a um campo de futebol.
O estudo da Emater também aponta que 216 construções foram afetadas, causando R$ 5,2 milhões de prejuízo, 161 quilômetros de cercas foram destruídas, ao custo de R$ 977 mil, 293 máquinas e equipamentos estragadas, no valor de R$ 760 mil, e 1.596 animais perdidos, com um prejuízo de R$ 651 mil. O levantamento também apurou que 34 produtores atingidos têm financiamento de crédito rural, no valor de R$ 3,3 milhões.
De acordo com o presidente da Emater-MG, a maioria das propriedades têm condições de continuar com as atividades agropecuárias, pois apenas parte da área foi coberta pela lama de rejeitos.
Kalil disse que as propriedades avaliadas podem ser divididas em dois grupos. “Em 31 propriedades, a lama destruiu mais de 50% da área. Isso ocorreu especialmente nas terras que estão nas margens do Rio Doce e foram atingidas mais fortemente. Nessas propriedades as atividades produtivas estão inviabilizadas, porque as melhores áreas foram perdidas”.
O estudo revelou que a porcentagem das áreas atingidas nas propriedades foi, em média, 12,9%. “Em 164 propriedades, menos de 50% da área foi atingida, então ainda é possível realocar as atividades nessas áreas e voltar a produzir. A área que foi efetivamente atingida não será usada de imediato, precisa ser recuperada em médio e longo prazo.”
Um relatório feito pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a pedido do governo de Minas, diz que apesar de não ter sido detectada a presença de metais pesados em níveis tóxicos nas amostras, o solo das propriedades rurais atingidas pela lama de rejeitos apresenta deficiência de fertilidade e problemas de ordem física causados pelo surgimento repentino de uma camada de sedimentos na parte superior da terra. Conforme as análises laboratoriais, o material sedimentando não apresenta condições para germinação de sementes ou para o desenvolvimento de raízes das plantas.