Mesmo depois de ter tido sua demissão anunciada no Twitter pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o presidente da Agência de Promoção de Exportações e Atrações de Investimentos (Apex-Brasil), Alex Carreiro, despachou normalmente nesta quinta-feira, 10, no prédio do órgão. De acordo com fontes ouvidas pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, Carreiro não aceita ser demitido por Araújo e continuará atuando enquanto não for exonerado pelo presidente Jair Bolsonaro, que é o responsável pelo cargo.
A Apex confirmou, em nota, que Carreiro "nomeado para o cargo pelo presidente da República", cumpriu expediente normal na agência hoje, "tendo efetuado despachos internos e recebido para audiências autoridades de Estado". A agência, no entanto, não informou quem foram as autoridades recebidas pelo presidente.
A situação na Apex abriu mais uma crise no governo Bolsonaro. Carreiro foi indicado ao cargo pela bancada do PSL e é próximo do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) e do próprio presidente. Ontem, Ernesto Araújo disse, no Twitter, que Carreiro pediu "o encerramento de suas funções como Presidente da Apex". No mesmo tuíte, Araújo disse que tinha indicado o embaixador Mario Vilalva a Bolsonaro.
Segundo interlocutores de Carreiro, no entanto, não foi isso que ocorreu. Carreiro teria se reunido com Araújo para reclamar de outra indicação de Bolsonaro para a agência, a diretora de Negócios Letícia Catel, que atuou como assessora de imprensa durante a transição.
De acordo com fontes, Letícia, que é próxima de Araújo, não gostou de Carreiro ter exonerado 18 pessoas em menos de uma semana no governo e queria reverter as exonerações. Na reunião, Araujo sugeriu que Carreiro pedisse demissão, mas ele se negou. Ao sair do encontro, no entanto, o chanceler publicou o tuíte. Segundo fontes, Carreiro viu nisso uma tentativa de criar um "fato consumado" e forçá-lo a sair do cargo. Ele já teria procurado o presidente Bolsonaro, mas ainda não falou com ele.
Araújo participava nesta tarde da reunião ampliada do presidente Bolsonaro com as Forças Armadas no Palácio do Planalto. O encontro começou por volta das 17h30.
Carreiro mostrou a deputados do PSL troca de mensagens pelo WhatsApp que comprovariam que ele não pediu demissão como informou o ministro nas suas redes sociais, mas foi forçado a deixar o cargo na Apex.
Hoje, Carreiro também procurou interlocutores no Palácio do Planalto para apresentar sua versão. Segundo assessores de Bolsonaro, ele não conversou pessoalmente com o presidente da República. Ernesto Araújo, por sua vez, teve uma reunião com o ministro Augusto Heleno (GSI) no início da manhã.