O Brasil condenou neste domingo (24) os confrontos registrados no sábado (23) nas fronteiras terrestres da Venezuela e chamou o presidente do país vizinho, Nicolás Maduro, de "ditador" em um comunicado do ministério das Relações Exteriores.
"O governo do Brasil expressa sua condenação mais veemente aos atos de violência perpetrados pelo regime ilegítimo do ditador Nicolás Maduro, no dia 23 de fevereiro, nas fronteiras da Venezuela com o Brasil e com a Colômbia, que causaram várias vítimas fatais e dezenas de feridos", afirma a nota oficial.
No sábado, uma operação internacional de entrega de remédios e alimentos nas fronteiras foi estimulada pelo líder opositor Juan Guaidó, reconhecido como presidente encarregado da Venezuela por 50 países, incluindo o Brasil.
Militares venezuelanos, seguindo ordens de Maduro, impediram a entrada da ajudam o que provocou os confrontos
O Itamaraty também fez um apelo à comunidade internacional para que reconheça Guaidó.
"O Brasil apela à comunidade internacional, sobretudo aos países que ainda não reconheceram o Presidente encarregado Juan Guaidó, a somarem-se ao esforço de libertação da Venezuela, reconhecendo o governo legítimo de Guaidó e exigindo que cesse a violência das forças do regime contra sua própria população".
No sábado, as fronteiras da Venezuela foram cenários de enfrentamentos. No lado brasileiros, dois caminhões com oito toneladas de doações permaneceram estacionados na linha limítrofe ao longo do dia.
No fim da tarde, os caminhões, que não seguiram em direção à Venezuela, retornaram ao Brasil. Jovens atiraram pedras e coquetéis molotov contra os militares venezuelanos que protegiam o local.
Depois de atear fogo a dois veículos estacionados no local, os militares responderam com gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.
Na cidade venezuelana de Santa Elena de Uairén, a 20 km da fronteira, foram registrados confrontos violentos que deixaram pelo menos dois mortos, de acordo com a ONG venezuelana Foro Penal.
Duas ambulâncias com cinco feridos durante os incidentes entraram durante a tarde no Brasil.
"O uso da força contra o povo venezuelano, que anseia por receber a ajuda humanitária internacional, caracteriza, de forma definitiva, o caráter criminoso do regime Maduro. Trata-se de um brutal atentado aos direitos humanos, que nenhum princípio do direito internacional remotamente justifica e diante do qual nenhuma nação pode calar-se", completa o comunicado divulgado pelo Itamaraty.