Policial Militar afirma que mentiu em depoimento no Caso Marielle

Ferreirinha confessou que prestou falso testemunho com intenção de se vingar de rival miliciano
Com informações do UOL
Publicado em 31/05/2019 às 14:25
Ferreirinha confessou que prestou falso testemunho com intenção de se vingar de rival miliciano Foto: Foto: Mídia Ninja/Reprodução


O policial militar Rodrigo Jorge Ferreira confessou que prestou falso testemunho com o objetivo de se vingar do miliciano Orlando Curicica. Ele admitiu ter mentido ao incriminar Curicica como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco. Ferreirinha, como é conhecido, foi preso nesta sexta-feira (31) em uma operação do Ministério Público do Rio. Em depoimento à Polícia Federal, dado anteriormente à operação desta sexta, o PM confessou que prestou falso testemunho com a intenção de se vingar de Curicica, que havia tomado sua central clandestina de TV a cabo em uma área da Zona Oeste do Rio.

A advogada de Ferreirinha, Camila Nogueira, afirma que ele admitiu o falso testemunho por se sentir pressionado pelos agentes federais. A PF concluiu que Ferreirinha e sua advogada integram uma organização criminosa que tem como objetivo impedir o esclarecimento do Caso Marielle. Camila Nogueira nega ter cometido qualquer ato ilegal.

Ferreirinha disse à Polícia Federal que procurou o ex-inspetor da Polícia Civil, Jorge Luiz Fernandes, o Jorginho, que é considerado inimigo de Curicica pela disputa do controle de um milícia, segundo a PF. No depoimento, o PM afirma que Jorginho o apresentou ao agente federal aposentado Gilberto Ribeiro da Costa, além do delegado da PF Hélio Khristian Cunha de Almeida, que foi responsável por levar Ferreirinha para prestar depoimento à Delegacia de Homicídios a Capital (DH), órgão da Polícia Civil do Rio que investiga a morte da vereadora e do motorista. Gilberto, por sua vez, trabalhou no gabinete de Domingos Brazão, conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que ainda exerceu quatro mandatos de deputado estadual pelo MDB. Brazão também é investigado por envolvimento no caso.  

Gilberto Ribeiro da Costa, Hélio Khristian e Domingos Brazão negam que cometeram quaisquer atos para atrapalhar a investigação.

PF sugere continuar investigação

A versão apresentada por Ferreirinha praticamente isenta de responsabilidade os demais citados a investigação, mas não foi totalmente aceita pelos membros do MP e da PF. Por isso, no relatório  enviado à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a PF sugere a continuação do trabalho, segundo apurou a reportagem do UOL.

A Polícia Federal apontou o indiciamento de alguns investigados, mas as promotoras do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP do Rio aguardam a chegada de documentos relacionados às quebras de sigilo de telefone e buscas na internet dos suspeitos para concluir a denúncia.

Testemunho falso incriminou miliciano e vereador

O depoimento de Curicica foi estopim para que a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, determinasse que a entrada da PF no caso.

Um mês e meio depois do duplo assassinato ocorrido em 14 de março de 2018, Ferreirinha incriminou Curicica e o vereador Marcello Sicilliano (PHS) como mandantes do atentado no qual também foi assassinado o motorista Anderson Gomes.

Não está claro se agora, ao admitir que mentiu, o PM tenha retirado também sua versão dos fatos sobre o vereador.

Após a divulgação do depoimento do PM, Curicica e Siciliano negaram a autoria do crime. Curicica, que estava preso no Rio, foi transferido para o presídio federal de Mossoró (RN). Lá, ele prestou depoimento ao MPF (Ministério Público Federal) no qual afirmou que a Polícia Civil do Rio tentou lhe convencer a assumir a morte de Marielle e revelou um suposto esquema de corrupção na DH que barraria investigações sobre homicídios ligados ao jogo do bicho e às milícias.

Com Curicica em prisão federal, o PM obteve o controle do serviço ilegal de TV a cabo prestado pela milícia. Aliado a Ferreirinha, o ex-policial civil Jorge Luiz Fernandes, o Jorginho, passou a controlar a região de Curicica, onde explora um esquema ilegal de máquinas caça-níqueis, segundo a Polícia Federal.

A defesa do ex-policial civil Jorge Luiz Fernandes nega qualquer envolvimento no caso e diz que ele não conhece e nunca teve contato com o policial militar.

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PF assassinato assassinada Marielle Franco
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