Um dia após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) levar à consulta pública a proposta para liberação e do cultivo de maconha no País para fins medicinais e científicos, representantes da empresa canadense, Canopy Growth, promoveram um evento em São Paulo, a fim de firmar os seus novos investimentos na produção de Cannabis medicinal no Brasil. O grupo, cujo valor de mercado é avaliado em US$ 15 bilhões, inaugurou recentemente uma sede em São Paulo (SP) e tem planos de estabelecer, no futuro, um operação fabril no país, caso a regulamentação seja efetivada.
Por meio da sua marca global, a Spectrum Therapeutics, a empresa opera em 16 países. Na América Latina, o Brasil é o quarto a receber o investimento, sendo antecedido pelo Chile, Colômbia e Peru. Entre as operações dessa divisão internacional farmacêutica estão a de promover no país a produção e distribuição de produtos de cannabis medicinal; educação, capacitação e apoio a paciente e profissionais de saúde; bem como, pesquisas pré-clinicas e clínicas, além de desenvolvimento de medicamentos à base de canabidiodes. À frente dessa empreendimento, estão o Diretor Médico da Canopy Growth, Dr. Mark A. Ware, o Gerente Nacional da Spectrum no Brasil, Jaime Ozi, e o Diretor de Relações Médicas em toda América Latina e Caribe, Dr. Wellington Briques.
Com a perspectiva de investimento no Brasil, que gira em torno de R$ 60 milhões, a Spectrum visa crescer o atendimento aos pacientes com necessidades médicas não atendidas pela medicina tradicional. Só no Canadá esse número já alcançou cerca de 83.000. “No Brasil, estima-se que aproximadamente 1,7 milhão de pessoas poderiam se beneficiar do uso terapêutico da cannabis.
Nosso principal foco são pacientes que vivem sem alternativas, pois não respondem aos tratamentos convencionais”, esclareceu Jaime Ozi.
Atualmente, sem a regulamentação, muitas famílias contam o apoio de Associações de pacientes que lutam pela causa. Segundo Dr. Wellington, estabelecer contato com essas instituições está entre as primeiras iniciativas da Companhia no país. “Essas associações estão sendo vetores de mudanças na legislação. Nosso objetivo é unir esforços com todos aqueles interessado em promover um maior conhecimento e acesso à cannabis medicinal.” Entre elas estão a Casa Hunter, Febrararas e Agape.
Apesar dos recentes avanços na regulamentação da cannabis medicinal no país, os desafios permanecem altos para a implementação dessa nova imunologia na população. Entre eles, o estigma sobre a planta dificulta esse processo. “Até hoje é um tema polêmico. As pessoas se perguntam: será que realmente tem valor medicinal? Será que é seguro? Nós acreditamos e
temos evidências médicas que sim. É preciso que as pessoas enxerguem a cannabis como qualquer outro remédio, que pode ser prescrito e adquirido.” disse Dr. Ware no evento.
Outra dificuldade, é em relação aos custos do produto. Atualmente, a maioria dos pacientes que conseguem importar os remédios, gastam aproximadamente R$ 2 mil. Mesmo que ocorra a regulamentação, não há a garantia na queda desse valor. “Está dentro dos nossos planos pensar de que forma podemos facilitar o acesso e tornar viável. Esperamos, por exemplo, que em caso
de aprovação, o medicamento entre no sistema do SUS, pela necessidade do seu uso crônico”, completa.
Visando simplificar e padronizar o entendimento dos médicos e pacientes, a Spectrum Therapeutics categoriza os seus produtos em um sistema de cores. A classificação é feita conforme o conteúdo de THC e CBD ou a combinação de ambos. Cada cor, com sua respectiva percentagem dos princípios ativos, representa uma variedade de planta obtida com pesquisas
genéticas.