O sambódromo do Anhembi, na Zona Norte de São Paulo, recebeu na noite dessa sexta-feira, 21, o primeiro dia de desfiles de escolas de samba. A escola Barroca Zona Sul abriu o espetáculo, sendo seguida por outras seis agremiações até as 5h45 deste sábado, 22. Entre os temas abordados nos desfiles, teve Jesus Cristo e a história dos negros no Brasil.
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A Barroca Zona Sul abriu o carnaval de São Paulo homenageando a líder quilombola Tereza de Benguela. Com o samba-enredo "Benguela... a Barroca Clama a Ti, Tereza", a agremiação contou na avenida a história de uma escrava que veio de Angola e lutou contra o sistema no século 18 no Brasil. Ela foi levada ao Mato Grosso, onde comandou o histórico Quilombo do Quariterê, que existiu entre 1730 e 1795 e contava com uma espécie de sistema parlamentar.
A escola precisou correr para terminar nos 65 minutos regulamentares. Foram 21 alas, 5 carros alegóricos, 2.400 componentes, com a empresária e musa fitness Renata Spallicci estreando como rainha de bateria.
A Tom Maior falou da participação e da importância do negro na história do Brasil. Para defender o enredo É Coisa de Preto, a bateria fez um tributo ao humorista Mussum (1941-1994), além de homenagens a Wilson Simonal, Elza Soares, Carolina Maria de Jesus, Mano Brown, Madame Satã, Machado de Assis, Pixinguinha, Joaquim Barbosa e, no último carro, à vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018.
Representando as luzes da ribalta, uma ala com 20 homens de sunga entrou na avenida.
Pamella Gomes foi a rainha de bateria da escola, que passou nos exatos 65 minutos permitidos para o desfile. A Tom Maior ficou em 12º lugar do Grupo Especial em 2019, e ainda busca seu primeiro título neste grupo.
Vice-campeã do ano passado, a Dragões da Real defendeu agora o samba-enredo "A Revolução do Riso: A arte de subverter o mundo pelo divino poder da alegria". O carro abre-alas era uma referência a um ataque de risos, com um canhão e emojis. Após oito anos como rainha de bateria, Simone Sampaio se despediu no desfile.
Um dos carros exaltou deuses do riso, com referências a Shakespeare e Moliére. Charles Chaplin foi lembrado em outro carro; Após o fim, um carro ficou preso aos fios de eletricidade da rua e isso afetou o início da Mancha Verde, mas não deve haver punição.
Uma das mais comentadas nas redes sociais e atual campeã, a Mancha Verde, quarta escola do primeiro dia de desfiles, pôs Jesus no sambódromo.
Com o atraso de quase uma hora, causado pelo carro abre-alas da Dragões da Real ter enroscado em um fio elétrico durante a dispersão do desfile, a escola entrou na avenida com o enredo "Pai! Perdoai, eles não sabem o que fazem!", com uma agremiação que comparou o calvário ao sofrimento do povo.
A bateria estava fantasiada de sacerdotes romanos. A rainha, mais uma vez, foi a atriz e modelo Viviane Araújo.
Um dos destaques foi o terceiro carro, "A Eterna Guardiã da Justiça", que abordou a relação da Justiça ao longo da vida humana. O carro apresentou uma representação sobre as injustiças sociais.
Já a Acadêmicos do Tatuapé defendeu a história e a cultura da cidade de Atibaia, no interior de São Paulo, com o enredo "O ponteio da viola encanta... Sou fruto da terra, raiz desse chão... Canto Atibaia do meu coração".
Um dos maiores destaques foi o carro que trouxe a réplica exata da entrada de Atibaia com decoração de 50 mil flores da cidade.
Um dos carros teve praticantes de rapel profissionais de Atibaia, esporte tradicional na cidade.
A musa Ana Paula Minerato estreou à frente da bateria da Tatuapé após vinte anos de Gaviões da Fiel, onde ela desfilava desde criança.
A Império de Casa Verde, a penúltima a desfilar no primeiro dia, já de manhã, foi para outro lado do mundo e apostou na história do Líbano com o enredo "Marhaba Lubnãn" ("Olá Líbano", em árabe).
O carro abre-alas "O império marítimo" retratou o mar Mediterrâneo, com o caminho de entrada para o Líbano, e a comissão de frente simbolizou as exportações.
O desfile teve muitas telas de led e efeitos especiais, que fizeram sentido mesmo com a claridade
X-9 Paulistana, que fechou o primeiro dia, trouxe um passeio sobre batucadas de todas as regiões e religiões brasileiras sob o enredo "Batuques Para Um Rei Coroado".
Mais uma vez, a fantasia de índia virou polêmica, dessa vez sobre o corpo da rainha de bateria da X-9, Juju Salimeni, que representou a Rainha do Folclore de Parintins.