Além do duro golpe no terrorismo, a morte de Osama bin Laden dá ao presidente Barack Obama um trunfo valioso para a campanha presidencial de 2012. Antes posta em dúvida sobretudo pela lenta recuperação do país após a crise econômica mundial, pelo grande déficit e pela alta taxa desemprego, além do bombardeio de críticas por promessas não cumpridas, como a reforma da saúde, minada pela oposição, a reeleição agora é dada como favas contadas. Criticado muitas vezes por sua falta de pulso, o democrata Obama fez, em apenas meio mandato, o que o republicano George W. Bush não conseguiu em oito anos: matar o homem que feriu o orgulho americano.
“Era uma questão de honra e se tornou uma excelente ajuda para a reeleição. Que candidato não ficaria feliz da vida ao poder dizer na campanha que fez aquilo que todo o país esperava há dez anos?”, indaga o historiador Estevão de Rezende Martins, diretor do Instituto de Ciências Humanas (IH) da Universidade de Brasília (UnB).
Pesquisa do Instituto Gallup divulgada durante a semana mostrou que a aprovação de Obama subiu seis pontos percentuais entre os três dias antes e os três dias depois do assassinato de Bin Laden – de 46% a 52%.
Martins enxerga a guerra ao terror como um ponto de continuidade entre republicanos e democratas. A caça a Bin Laden, acredita, é questão suprapartidária. A principal diferença entre os dois lados, segundo ele, está na abordagem diante do problema.
“Bush não conseguiu ir até o fim por incapacidade de liderança. Seu governo não estava preparado, até porque foi o governo no qual começou o rolo todo. Bush foi muito arrogante e pretensioso. O pretexto para a invasão do Iraque foi ridículo. Os republicanos começaram a cantar de galo antes de ganhar”, considera o historiador.
“Obama foi muito mais discreto e mais cuidado. Isso fez a diferença. Bush corria riscos inúteis. Obama escondeu a operação do Paquistão porque um vazamento seria uma desgraça e o governo paquistanês é desorganizado o suficiente para que a informação vazasse”, analisa.
O cientista político Leonardo Valente avalia a eliminação do terrorista como um marco no mandato do democrata. “Obama deu uma mensagem para o público interno. Mostrou que o governo está engajado na guerra contra o terrorismo. Obama precisava desse acontecimento para provar que não virou as costas para essa luta”, pontua o especialista.