BUENOS AIRES - Policiais argentinos completaram neste sábado seu quinto dia de protestos por melhores salários, enquanto o governo puniu seu porta-voz e interveio em um importante órgão da Polícia devido a irregularidades.
A ministra da Segurança, Nilda Garré, ordenou na sexta-feira à noite a intervenção na Direção de Assuntos Jurídicos da Gendarmeria Nacional por "irregularidades no tratamento de medidas judiciais relacionadas às exigências salariais", anunciou em um comunicado.
A medida foi tomada em meio a um ambiente de tensão pelas reivindicações por melhores salários dos policiais, que anunciaram que se manterão parados pelo menos até terça-feira, para quando o governo promete dar uma reposta.
O ministério puniu o suboficial da Gendarmeria Raúl Maza, passando o porta-voz dos manifestantes para a "disponibilidade", confirmou neste sábado o policial.
"Não nos colocam medo com isto, não vou deixar meus companheiros que me colocaram como porta-voz. Além disso, é um estado intermediário", disse à rádio El Mundo, referindo-se a sua nova condição.
Os policiais manifestantes se mantêm uniformizados, mas sem armas, diante das sedes da Gendarmeria e da Polícia da Prefeitura em diferentes cidades.
A Gendarmeria é encarregada da proteção das fronteiras terrestres, e também desempenha tarefas de prevenção em áreas sensíveis, assim como a Polícia da Prefeitura, que deixou de ser apenas uma guarda costeira.
A vice-presidente da Suprema Corte, Elena Highton, advertiu em uma entrevista coletiva à imprensa, em Córdoba (centro), neste sábado que "é preciso ter cuidado porque estão armados e fazem parte de um serviço público muito relevante".
O governo de Cristina Kirchner destituiu na quarta-feira as cúpulas de ambas as forças, que reúnem mais de 50.000 homens, por considerá-las responsáveis por uma aplicação equivocada de um decreto, agora derrogado.
O decreto era destinado a evitar distorções salariais, mas na prática causou reduções de até 60%, que desencadearam o conflito.