Atentado deixa quatro mortos na cidade velha de Damasco

Esse ataque ocorreu em um bairro cristão até então relativamente poupado da violência
Da AFP
Publicado em 27/06/2013 às 19:13


Pelo menos quatro pessoas morreram em um atentado suicida que atingiu nesta quinta-feira a Cidade Velha de Damasco, em um novo episódio sangrento da guerra civil que assola a Síria.

Esse ataque ocorreu em um bairro cristão até então relativamente poupado da violência, nas imediações de uma igreja maronita e das dependências da associação de caridade xiita Al-Ihsane, de acordo com a imprensa síria e com testemunhas.

"Parece que essa associação de caridade xiita era o alvo", explicou à AFP Rami Abdel Rahman, chefe do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Com o passar dos meses, a guerra ganhou contornos de conflito religioso, principalmente com o envolvimento do Hezbollah xiita libanês ao lado das tropas de Bashar al-Assad --membro da minoria alauíta, um ramo do xiismo-- em combates contra os rebeldes, em grande maioria sunitas.

A algumas centenas de metros do local do atentado, "dois morteiros caíram (...) sem deixar vítimas", indicou o OSDH.

Essa ONG com sede no Reino Unido e que se baseia em uma grande rede de militantes e fontes médicas civis e militares, indicou na quarta-feira que o número de mortos desde o início do levante contra o regime, em março de 2011, havia superado a barreira simbólica dos 100.000.

Esse anúncio foi feito no momento em que Estados Unidos e Rússia tentam organizar uma conferência de paz internacional sobre a Síria.

-- "Conflito prolongado" --

O presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Peter Maurer, afirmou que a organização trabalha com "um conflito prolongado" na Síria, que se tornou sua primeira operação em termos de despesas, destacando "um foço enorme entre a capacidade de resposta (...) e a velocidade crescente com a qual as necessidades aumentam".

O conflito obrigou um quarto dos 23 milhões de sírios a deixarem suas casas, segundo a ONU.

Na ausência de uma solução diplomática, os rebeldes pedem armas pesadas para enfrentar o regime. Os onze países "Amigos da Síria" prometeram "uma ajuda urgente em material e em equipamentos".

Eles indicaram que cada Estado ajudará "a sua maneira", contornando assim a espinhosa questão da ajuda militar direta que vários países ocidentais se recusam a fornecer.

Até o momento, grande parte da ajuda militar provém da Arábia Saudita e do Catar. A Rússia acusou nesta quinta Riad de "financiar e armar os terroristas", utilizando o termo com o qual o regime designa os rebeldes.

A chanceler alemã, Angela Merkel, manifestou sua "compreensão" relativa ao fornecimento de armas, ressaltando, entretanto, que "a Alemanha não entrega armas em regiões em guerra civil por razões jurídicas" e que, por isso, não as enviará à Síria.

Outra preocupação é o arsenal químico de Damasco. O ministro turco das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, se reuniu a portas fechadas com o especialista das Nações Unidas encarregado de investigar a utilização dessas armas, o sueco Ake Sellstrom, cuja equipe não conseguiu entrar na Síria.

Londres, Paris e Washington afirmam que possuem provas da utilização de armas químicas pelo Exército.

No terreno, o Exército atacou nesta quinta Al-Qariateyn, uma localidade da província de Homs (centro), após vários dias de combates contra os rebeldes, segundo o OSDH.

"O Exército quer garantir uma espécie de vitória moral esmagando Homs", batizada de "Capital da Revolução" pelos militantes anti-regime, considerou a organização.

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