Conflitos na Ucrânia já fizeram nove mortos e preocupam Otan e União Europeia

Após várias semanas de calma, nesta terça-feira, Kiev voltou a ser palco de violentos confrontos entre ativistas antigovernamentais e forças de segurança
Da ABr
Publicado em 18/02/2014 às 19:31


A União Europeia, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e vários países condenaram nesta terça-feira (18) a escalada de violência em Kiev, capital ucraniana, onde morreram pelo menos nove pessoas – sete civis e dois policiais – em confrontos entre autoridades e manifestantes da oposição.

“Estou muito preocupada com a nova e alarmante escalada (de violência) em Kiev”, disse a alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Segurança, Catherine Ashton, em comunicado à imprensa. “Condeno qualquer uso da violência” e “exorto as autoridades ucranianas a atacar as raízes da crise”, afirmou a chefe da diplomacia europeia.

No comunicado, ela ressalta que as decisões políticas devem ser tomadas no Parlamento e que os responsáveis políticos têm de assumir suas responsabilidades para restabelecer a confiança e criar condições para uma solução duradoura para a crise política. Essa solução deve incluir “a formação de um novo governo de unidade”, “progressos para uma reforma constitucional” e “os preparativos para eleições presidenciais transparentes e democráticas”, concluiu Catherine.

Também o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, manifestou preocupação com a volta da violência à Ucrânia. Rasmussen apelou “a todas as partes para que se abstenham de qualquer violência e retomem sem demora o diálogo”.

Após várias semanas de calma, nesta terça-feira, Kiev voltou a ser palco de violentos confrontos entre ativistas antigovernamentais e forças de segurança. Segundo a polícia, os confrontos fizeram pelo menos nove mortos. O governo ucraniano deu um ultimato aos manifestantes para que se desmobilizassem e deixassem as ruas na tarde desta terça-feira, mandando que a polícia de choque avançasse até o principal ponto de concentração.

Vitali Klitschko, um dos líderes da oposição, pediu que mulheres e crianças abandonassem a Praça da Independência, um dos pontos de concentração dos ativistas antigovernamentais, no centro da capital. A circulação no metrô de Kiev foi interrompida.

Além das instituições europeias e internacionais, alguns países, como a França e os Estados Unidos, manifestaram preocupação com os confrontos na capital ucraniana. Em comunicado, o governo francês condenou “o regresso da violência a Kiev” e denunciou o “uso indiscriminado da força, que provocou várias vítimas”. “Peço a todas as partes que exerçam a máxima moderação e retomem imediatamente o caminho do diálogo", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, no comunicado..

A Casa Branca exortou o presidente ucraniano, Viktor Ianukovitch, a acabar com a escalada de violência na capital ucraniana, mas ressaltou que o recurso à força “não resolverá a crise”. “Estamos consternados com a violência em Kiev”, disse a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Laura Lucas Magnuson, apelando a Ianukovitch para retomar o diálogo com a oposição.

Desde o fim de janeiro, não se registavam confrontos entre manifestantes e policiais na Ucrânia.

A Rússia, entretanto, atribuiu a volta da violência à Ucrânia à política dos ocidentais, que encorajam esta escalada. “O que está acontecendo é o resultado direto da política de apaziguamento dos políticos ocidentais e das estruturas europeias que, desde o início da crise, fecharam os olhos aos atos agressivos das forças radicais na Ucrânia, encorajando a escalada e as provocações contra o poder legal”, criticou, num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.

A crise política na Ucrânia começou no fim de novembro quando milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra a decisão do presidente Viktor Ianukovitch de suspender os preparativos para a assinatura de um acordo de associação com a União Europeia.

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